Por um mundo mais justo, por uma vida menos ordinária

24 de junho de 2021

 


MENSAGEM D'ELE



Galera da Terra,

Hoje acordei meio irado, sei lá. Fiquei pensando se realmente valeu a pena a criação de vocês aí embaixo, nesse pedacinho do universo que eu, em toda minha misericórdia, emprestei a vocês. Na melhor das intenções, claro. Aliás, nunca é demais lembrá-los, vocês são hóspedes desse espaço, condição permanente de quem se encontra apenas de passagem. E, como tal, deveriam ter mais respeito com quem lhes dá abrigo. Engraçado isso, não? Porque quando vejo vocês comendo em seus sofisticados restaurantes, por exemplo, não os vejo cuspindo no chão, atirando a comida no garçom ou limpando a boca na toalha. E a educação parece que para por aí. Porque quando se trata de respeitar vosso anfitrião, o 'pálido ponto azul' chamado Terra, a atitude é outra. Exploração em nome do lucro, essa é a máxima, não importa que o efeito seja destruidor. Árvores? Pra quê? Vocês não são tão burros como parecem, eu sei. Claro que sabem o que seus atos causam, só não se preocupam com eles porque também sabem que os reflexos só vão aparecer lá na frente, quando as gerações futuras terão que pagar o preço. Hello! O futuro já chegou, vocês fazem parte da geração que arca com os danos. Não deu pra perceber ainda? Esse seu anfitrião anda dando suas chacoalhadas. Sabe picada de pernilongo? Aquela coisa chata que começa a coçar e você se irrita, coça, resmunga, enfim... Reage! Pois não lhes parece óbvio que a Terra faça o mesmo? Vocês a maltratam, violam, esgotam seus recursos e querem que ela cruze os braços. O problema, mortais, é que a reação do planeta é proporcional ao seu tamanho, o que significa dizer que uma coçadinha na picada equivale a um tsunami. Aí, como é de se esperar, paga com a vida quem não tem nada a ver com a história. 

Bom, vou ficando por aqui porque acordei cedo e essa conversa me dá uma preguiça danada. Mas fica aqui meu recado: a hora que essa mãe se encher o saco e virar aquela porrada, não vai sobrar ninguém pra contar a história. Tá na hora de vocês pensarem na mãe com um pouco mais de carinho, antes que seja tarde. Depois não adianta chorar, não vale dizer que eu não avisei...

PS.: eu demoro pra pegar no sono. Por isso peço encarecidamente que, ao menos pelos próximos 30 dias, parem de ficar me pedindo coisas!




22 de maio de 2021

A TAL DA SOLIDARIEDADE HUMANA

A imagem ao lado correu o mundo esta semana. Trata-se do garoto Marroquino que, amparado por garrafas PET para não afundar em pleno Mediterrâneo, tentou alcançar Ceuta, enclave espanhol em território africano que faz fronteira com o país árabe. Tudo em vão. Ceuta é cercada por um muro de pedras (a sequência das imagens, com o garoto saindo da água e tentando escalá-lo, quando é contido pelos soldados que patrulham a região, é desoladora) e os imigrantes ilegais que chegam à região são 'devolvidos' à origem. O sonho de uma vida mais digna ou um mundo mais justo, como clama o Blog, termina ali.

A mãe do todos os males é a insensibilidade. É ela quem cria abismos intransponíveis por conta da voracidade humana em fazer de sua passagem por este planeta um acúmulo desmensurado de riquezas e afeta, em última instância, toda a dinâmica comportamental da raça. Não é por outra razão que geramos imperadores incendiários, ditadores fascistas, governos corruptos, mafiosos, torturadores, assassinos profissionais e toda sorte de "ser humano" que enxerga, na desgraça alheia, o trampolim para seu próprio engrandecimento. Isso ocorre porque é assim mesmo, porque nunca se pensou de outra maneira ou se estabeleceu um sistema que valorizasse essa tal de solidariedade humana, em que pese ações de pequena expressão, espalhadas aqui ou ali, passa desapercebida.

Significa que, como raça, somos um verdadeiro fracasso. E tudo por conta de uma simples, porém consistente razão: não somos capazes de estender os ideais de vida criados para nós mesmos àqueles criados sob nossa semelhança. Uns podem, outros não. E ponto. São tantos os abismos que já encaramos essa dinâmica com certa naturalidade, afinal de contas não podemos ser responsáveis por todos a nossa volta...

Não? Um ser humano, séculos à nossa frente, teve a oportunidade de visitar um berçário em uma galáxia distante. Ficou impressionado ao ser levado a um espaço do tamanho do Maracanã em que havia milhares e milhares e mais milhares de bebes dispostos, todos calmamente dormindo em seus bercinhos. 

"Como funciona isso?", ele perguntou a seu anfitrião. 

"Muito simples. Quando um bebe nasce, nós o recolhemos e o trazemos a esse local. Aqui recebem todo tipo de assistência e crescem felizes e saudáveis."

"Como assim? E como os pais fazem para saber quem são seus filhos?"

"Não fazem. Aqui todos são nossos filhos".

Para nós, os míopes. 





 


 

16 de maio de 2021



 O POÇO

Iván Massagué em cena de 'O Poço'



Cuidado: spoilers!

 

Deve ter sido por volta de 1973-1974 que que tive meu primeiro contato com a Fórmula 1. Lembro-me bem porque, à época, o Brasil era representado nas pistas pelos ídolos Emerson Fittipaldi e José Carlos Pace. Mas lembro-me bem, também, porque me questionei, do alto dos meus 10 anos, porque homens se dispunham a ficar entalados dentro de um carro, dando voltas e mais voltas em um circuito até que um deles chegasse em primeiro, enquanto no meu país pessoas pediam esmolas pelas ruas. A imagem que me vinha à cabeça - e melbro disso como se fosse hoje - era daqueles carros sendo abastecidos, o combustível a alimentar seus tanques, enquanto bocas espalhadas por aqui não tinham a mesma sorte.  Provavelmente pela primeira vez – e tem sido assim nos mais de 17.000 dias desde então – passei a me perguntar não somente o porquê destes abismos, mas como o homem estabelece suas prioridades.

É por esta razão que filmes como ‘O Poço’ (Espanha, 2019) tem um significado mágico para mim. Vejo, através de olhos alheios, questionamentos parecidos e crítica mordaz ao nosso modelo, que antes de social é sobretudo individual, quando muito ampliado a pequenos grupos como família, amigos, cooperativas, sindicatos ou partidos. O resto é apenas o resto, seres inferiores cujo trágico destino foi traçado por uma entidade etérea - comumente chamada de Deus - e que permanecem fora do nosso campo de visão para que a vida (a nossa, não a deles) seja perfeita.

A trama do filme gira em torno de uma prisão de 333 níveis (vide foto), cada um deles funcioando como uma cela. Nela habitam dois prisioneiros e não há qualquer área de respiro, apenas um enorme vão central por onde transita uma plataforma com alimentos. Os prisioneiros trocam de nível, a cada de mês, de forma aleatória: podem estar no nível 3 em um mês e no 157 no mês seguinte, podendo voltar ao 43 no outro. Não há mérito ou pena, apenas acaso.

A plataforma sai do topo da estrutura com os mais variados e requintados alimentos, preparados cuidadosamente por profissionais de cozinha. Vai do primeiro nível (1) ao último (333), permanecendo dois minutos em cada um. Este é o tempo que os prisioneiros dispõem para comer, não podendo armazenar nenhum tipo de alimento sob pena de toda estrutura sofrer sanções como frio ou calor intenso que os levará à morte. Desta forma, prisioneiros do nível 1 tem acesso a todos os pratos, vinhos e doces. Fartam-se até o encerramento dos dois minutos, quando a plataforma segue para o segundo nível com o que sobrou e assim por diante. Os personagens centrais encontram-se, no início, no nível 58 (ou algo assim), e quando a plataforma chega até eles já houve um estrago considerável. São praticamente restos de alimentos, pratos e copos quebrados naquele clima de fim de festa medieval que só vai piorar dali para baixo. É de se supor que os próximos níveis não terão comida até que a plataforma passe novamente no dia seguinte, provavelmente sob a mesma condição.

Paralelo com o mundo moderno: países da união europeia estariam nos níveis 1, 2 ou 3, enquanto os da África subsaariana estariam nos mais baixos. Uns comem, outros não. Ou, de forma menos abrangente, olhemos para dentro de uma sociedade – por que não a nossa? – em que a elite se lambuza com alimentos que à periferia não chegam. Mas afinal, não somos um coletivo? Por que uns tem acesso aos alimentos e outros não? Por que países ricos alimentam suas populações enquanto uma pessoa morre de fome a cada 4 segundos no mundo, de acordo com dados da UNICEF? 




Porque quando a concorrência impera, ninguém se importa. A lei do mais forte se impõe, como se a busca por sobrevivência implicasse em eliminar concorrentes como se não houvesse alimentos para todos. Não somente há, estocados em gigantescos silos ao alcance dos privilegiados, como muitas vezes são descartados por estragam ao longo do tempo. Em um ambiente competitivo você corre o máximo que pode, procurar ultrapassar quem está a sua frente e pouco se importa com os que ficaram para trás. São invisíveis.

 

De volta ao poço. Goreng (Iván Massagué), o personagem principal, pede aos prisioneiros do nível inferior ao seu que comam o suficiente para saciar a fome, deixando alimento para os próximos níveis. Claro que é ignorado (supondo que conseguisse subverter a lógica haveria comida para todos, mesmo nos níveis inferiores). Na falta de colaboração, ameaça: se não fizerem o que ele pede, separando uma parte da comida para os demais, vai cagar em tudo que estiver na plataforma antes que ela deixe seu nível. Funciona. Se Goreng fosse o Estado, poderíamos pressupor que ameaças exercem papel preponderante no equilíbrio, e que de fato seguir as regras, com punição em caso de violação, funciona. Não se trata, portanto, de agir com espontaneiedade, como deseja um dos personagens. Na prática, somos instados a agir de forma altruísta sob coerção,  já que em meio à corrida não temos olhos para o conjunto. 

É por esta razão que, na sequência, Goreng e um outro companheiro decidem, armados com barras de ferro, descer junto com a plataforma andar por andar para que as duplas de prisioneiros comam somente o necessário. Como não contam com a boa vontade de todos (principalmente os que se encontram nos níveis mais altos e que querem desfrutar os privilégios, justamente por já terem estado nos mais baixos), vão abatendo os ‘não solidários’ pelo caminho. A punição vai, portanto, além, tirando a vida de quem não se dispõe a colaborar com o coletivo, ao mesmo tempo em que demonstra o papel do estado totalitário que elimina os inimigos do regime.

 

A bondade humana, em essência, não existe. Ela atua quando coagida, quando a inação leva à punição. Se você não concorda, é porque - amém - age de maneira diferente, é solidário e se preocupa com seu semelhante. Mas se você fosse regra, e não exceção, a maioria dos conflitos ao redor do planeta estaria resolvida. Enquanto isso, insistimos nos mecanismos de exploração e de luta ao invés de nos irmanarmos (na ideia do filme, distribuir alimento para todos). Poucos, como Goreng, tem essa capacidade, mas todos sabemos como a história termina...

24 de abril de 2021

DEUS & EU

 Nos encontramos nos detalhes.


No nascer do sol, no sibilar do vento, no canto infinito das águas do rio;


Conversamos em silêncio.


Suas ações se antecipam a meus questionamentos como que para

invalidá-los, assegurando a trajetória natural de tudo que existe;

Trocamos impressões.

Ele diz que não está lá como imaginamos. Está aqui, a

preencher cada espaço, cada vibração, cada nascimento. Cada gotinha de chuva;

Não há despedidas nem começo. Nem meio nem fim.


Apenas permanência.


Revisitando Concepções:


Há algo dentro de nós que se movimenta sempre na mesma direção. É puro instinto, uma engrenagem invisível que nos leva àquilo que mais valorizamos e que de alguma maneira nos pertence, assim como nos faz pertencer. Não há sentido concreto nisto, apenas a constatação de que as inúmeras divisões se espalham pelo mundo e, invariavelmente, criamos identidade com algumas delas. Um dom, uma filosofia, uma conduta. Nos tornamos aquilo que passeia por nossas mentes, remonta às nossas origens, dá sentido à existência. De uma maneira ou de outra, para fazermos aquilo que nos propomos fazer, não haveríamos de estar aqui por alguma outra razão.



Texto original criado em 2007 e postado em 2009.

14 de abril de 2021

PANDEMIA  


Texto originalmente escrito em 21/03/2020

 


Muitos tem encarado a pandemia como uma oportunidade para que o homem reflita sobre seus atos e a forma como conduz a vida no planeta; outros entendem que se trata de um castigo divino – obviamente pelas mesmas razões – e, indo além, há os que acreditam em teorias conspiratórias que envolvem raças estelares ou sociedades secretas no planejamento e execução de macabra estratégia de controle, avaliando o comportamento humano em situações de confinamento e pânico generalizado.

 

Exceto pelo primeiro seleto grupo, os demais transferem a responsabilidade das escolhas que até aqui nos trouxeram como sociedade autônoma. Mas não é possível atribuir a alguma outra fonte, que não a própria raça, a responsabilidade sobre os males causados ao planeta e a todas as espécies que nele habitam. Incluindo nós mesmos.

 

Nós? Como assim? Quem é que em sã consciência pensa em desenvolver um vírus letal que haverá de ceifar centenas de milhares de vidas? (atualização em 14/04/2021: o número de vítimas é de 3 milhões no mundo inteiro, o Brasil se aproxima de 360 mil)

 

Ninguém, obviamente. O problema não está na sua ou na minha vontade, está na estrutura social e econômica estabelecida há séculos e que cria contrastes – senão abismos – entre populações abastadas e empobrecidas, e que serve como meio de cultura para que pandemias como a do Covid19 se instalem.

 

Vejamos o caso da China e seus 1,4 bilhão de habitantes. 1% dos ricos concentra nada menos do que 30% da renda, o que significa dizer que 14 milhões de pessoas tem ganhos mensais da ordem de R$100.000,00 enquanto 99% da população – isso mesmo, 99% que equivale a 1,386 bilhão de pessoas – tem algo em torno de R$ 2.500,00 mensais (‘Parasita’ é uma produção coreana, mas a relação se encaixa muito bem aqui e recomendo ver o filme). Com maiores ou menores distorções, este é o modelo que se replica ao redor do mundo e que exige que populações desfavorecidas busquem alternativas de ganho para sobreviver, ainda que isso implique em comercializar animais silvestres vivos em péssimas condições de higiene (há relatos no país de populações inteiras que saíram da miséria graças a criação de ratos, um dos maiores vetores de transmissão de doenças ao homem). É aí que entram roedores, víboras e morcegos, estes tolerantes a vírus de diversas origens e que se espalham pelo mundo quando o homem invade seus habitats. Trata-se de falta de opção em um mundo predatório onde, como sugeriu Darwin, os mais fortes sobrevivem e os mais fracos se viram como podem. Que se danem as aberrações porque, ao final, há um 'equilíbrio' ‘lógico' que garante o 'sucesso' do modelo. E quando o modelo se perpetua, os efeitos colaterais são devastadores. Estamos, literalmente, ‘vivendo na pele’ a consequência destas escolhas.

 

Vai chegar o dia em que tudo isso irá acabar e a vida voltar ao 'normal', ainda que seja o ‘novo normal’. E é aí que o seleto grupo dos que acreditam em um modelo mais justo e equilibrado, na revisão de condutas e responsabilidades e, finalmente, na possibilidade de um novo horizonte se descortinar depois da trágica experiência, morre na praia. Porque eu aposto justamente no contrário: mais volúpia e determinação em busca dos mesmos objetivos. As perdas econômicas do período serão gigantescas e farão do homem um animal ainda mais individualista, que não se importará em acentuar os abismos que já conhece. E a tendência, infelizmente, é só piorar.

 

Mas e todos que estão trabalhando para mudar os padrões de consciência?

 

Estamos trabalhando na elevação do padrão vibracional há tempos, somos parte integrante de um movimento que respeita a natureza, prega amor ao próximo, realiza trabalhos de conscientização, elevação espiritual e cura. Porém, ainda não somos capazes de gerar a ruptura, até porque nenhum modelo será substituído de forma abrupta como seria no caso do pós Covid (para fazer parte deste trabalho visite https://www.explumiar.com/)

 

As rupturas se estendem quase que imperceptivelmente na linha do tempo. O declínio do Império Romano, por exemplo: começa por volta de 300 D.C., com a invasão dos bárbaros, e Constantinopla (Istambul), o último bastião do bloco oriental, cai em 1.453. Quando imaginamos aqueles povos vivendo nas franjas do império e lentamente tomando conta, estruturamos o pensamento para algo que se cumpre em dez, vinte, cinquenta anos no máximo. Estamos falando de um processo que durou mais de mil anos!

 

As mudanças são paulatinas. Exigem dedicação e principalmente paciência na gestação do processo, que será consagrado com a chegada de lideranças políticas e econômicas alinhadas aos mencionados padrões (lideranças mais ‘humanas’, por mais absurdo que isso possa soar; porque se agora o mundo vai emergir de uma crise mais pobre e com as mesmas lideranças, não se pode esperar outra coisa que não seja recuperar o tempo e o dinheiro perdido mantendo-se o mesmo padrão).  E isso só vai ocorrer a medida em que seguirmos fazendo nossa parte sem desanimar, plantando a semente do bem através de nossas ações, replicando conhecimento, caminhos de cura e abrindo essa rede para envolver mais e mais pessoas até o ponto que sejam tantas a exigir a mudança do modelo que não será mais possível mantê-lo de pé, tendo então à frente pessoas aptas a fazê-lo. Curemos, pois, a nós mesmos, aos outros e ao mundo porque esse é o caminho, essa é a responsabilidade que nos cabe para deixar um mundo melhor para quem ainda vai cuidar dele.  

18 de novembro de 2015

PARIS, MARIANA E O TERRORISMO


Se há um elemento comum às tragédias de Paris e Mariana é o terrorismo. Sim, porque se de um lado temos o terrorismo explícito, representado por bestas que se explodem em meio à multidões, de outro temos o terrorismo velado, silencioso, que corrói as entranhas pouco a pouco.

Paris foi vítima de um dos mais inomináveis atos de intolerância já registrados na história da humanidade. Radicais islâmicos estabelecem suas próprias leis através da Sharia e tratam de eliminar quem a ela não se adequa, mesmo que em ‘território inimigo’. Não há espaço para o respeito ao próximo (até porque isso é a última coisa que se espera de um chamado ‘radical’), a ação se reveste de insanidade e o resultado é um banho de sangue.

Mariana, por sua vez, também viveu um ato de terrorismo. Um terrorismo tipicamente brasileiro, que atua como se não tivesse grandes pretensões e que se transforma em catástrofe quando menos se espera. Conjuga a ineficiência e corrupção do estado com a ação predatória de empresas que colocam o capital acima de qualquer princípio, esvaziando a ética de ambos os lados. Nesta composição, portanto, não há um, mas vários grupos criminosos que colaboram para o desenrolar da tragédia. É quem constrói a barragem, quem aprova o projeto, quem o legaliza e quem o fiscaliza. Rola uma grana aqui, libera-se um laudo ali, vista grossa para não comprometer os prazos. E compromete todo um sistema, todo um habitat que levará décadas para ser recuperado, se é que isso é possível.


A França se mobiliza de todas as formas para evitar novos atos terroristas em seu território. Hollande já chamou para si a responsabilidade, uma célula terrorista foi desmantelada cinco dias após o atentado. O país superará este episódio e dele sairá mais forte.  Enquanto isso, o terrorismo brasileiro seguirá da mesma maneira, prejudicando quem menos pode, favorecendo os círculos de poder e minando a já precária estrutura do país. Esse não tem salvação e, com o perdão do trocadilho, vai se afundar no mar de lama.

20 de setembro de 2015

CORRUPÇÃO, ESPORTE NACIONAL



Não acho, sinceramente, que exista corrupção na política. O que eu acho é que existe política na corrupção. Sim, porque a corrupção é endêmica, atávica, enraizada na população como um todo e não faz distinção entre classes, apenas se vale de meios e proporções diferentes. A verdade é que, em maior ou menor escala, toda sociedade é corrupta.

A associação natural que se faz ao termo corrupção é a que remete ao poder público, à troca de benefícios por vantagem econômica. Um servidor que facilita a emissão de um documento em troca de dinheiro, um fiscal que faz vista grossa a uma infração em troca de dinheiro, um parlamentar que recebe dinheiro de empreiteiras em esquema de lavagem que hoje chega a milhões de dólares. Bando de corruptos – sim, eles são – e merecem ser punidos por seus crimes. Mas embora esta seja a associação clássica (atitudes ilegais baseadas em ganhos financeiros), não é aí que o termo se encerra. Corrupção é a antítese do que nossos avós costumavam chamar de ‘bons costumes’, a traição aos princípios morais que deveriam reger o comportamento humano e sua conduta em sociedade. Não se trata apenas de barganhas em nome do dinheiro, mas tudo que diz respeito a obter vantagens por meios não convencionais (e nem sempre ilícitos); não se trata apenas de corromper terceiros através de seus desejos, senão corromper a si mesmo pelos mesmos motivos.

Exemplos não faltam. O carro da madame na vaga de deficientes, a fila dupla na porta da escola, a torcida que pede pênalti quando nem falta foi. Outro dia esperava eu pacientemente pela pista central da Dr. Arnaldo que dá acesso à Consolação – lembrando que a pista da esquerda segue para a Av. Paulista ou é exclusiva aos ônibus que trafegam pelo corredor – quando um pelotão de carros vem cortando pela esquerda. Sarcasticamente, o carro que me fecha e ocupa meu espaço tem um adesivo em tons azuis em que se lê ‘Eu apoio a Lava jato’.

Corrupção grande não pode, pequena pode. O deputado não pode tomar seu dinheiro, mas você pode tomar o espaço do outro carro. Ou adulterar o cartão de zona azul, parar o carro em duas vagas, não respeitar a faixa de pedestres porque sua pressa é sempre mais importante, zerar seus pontos da carteira de motorista com o despachante que conhece alguém no Detran (o trânsito é sempre um bom referencial para demonstrar o quanto somos civilizados). Não é de valores que estamos falando. Aliás, é. Não de valores monetários, mas daqueles que deveriam estender seu direito até onde começa o do próximo. Mas isso é corrupção? Na medida em que você contraria suas normas internas, fazendo algo que inconscientemente sabe que não deveria fazer, você está corrompendo seus próprios valores. A não ser que você não esteja nem aí pra nada (como deve ser o caso do dono do veículo que ilustra esse post).

Como então exigir lisura e ética de políticos se as falhas de caráter são as mesmas, apenas com instrumentos e amplitudes diferentes?


A base está na educação. A do Brasil é digna das sociedades mais atrasadas do mundo, tanto em conteúdo quanto em estrutura. Não formamos mão de obra qualificada, muito menos cidadãos. Somos o Brasil colônia com ares de modernidade, mantendo o mesmo caráter predatório e escravagista, embora subjetivamente. Temos condições de melhorar em 200, talvez 300 anos, desde que o processo se inicie já. Se aliarmos a este aspecto um processo de controle mais rigoroso também teremos melhores resultados. O que temos por hora é uma sociedade fracassada onde impera a corrupção moral – a começar pelo afiador de facas comprado pela presidência da república no valor de R$ 9 mil. Vai dizer o quê?

13 de janeiro de 2015

PORQUE NÃO SOU CHARLIE

O título em si não vai na contramão da comoção e da indignação que toma conta do mundo neste momento, em particular do povo francês, muito menos sublima a atitude covarde e irracional de dois fanáticos que entendem que a sede por vingança se encerra com a morte dos detratores do profeta. Sou a favor da liberdade de expressão, da arte em manifestar o poder crítico ou criativo, mas para mim ela termina no momento em que invade o sensível território em que se confunde com ofensa.

Vejamos: quando se cogitou a abertura da estação Higienópolis do metrô e a resistência da população local em aceitá-la, o humorista Danilo Gentilli foi um dos que saiu com a pérola de que os judeus moradores da região eram contra a ideia porque a última vez que andaram de trem tinham ido para Auschwitz. Não é preciso ser muito inteligente para constatar que a infeliz piada remete a um passado não tão distante que ainda mexe não só com aqueles que foram testemunhas de enormes atrocidades - e que parte hoje vive em  Higienópolis - como das gerações que cresceram ouvindo seus relatos, e que naturalmente repudiaram a piada de mau gosto. Claro que ninguém pensou em matá-lo (se bem que alguns até devem ter tido a ideia) - não deve haver piada ou charge que justifique semelhante ato. Mas a indignação é evidente quando uma brincadeira como essa incorpora valores sagrados para um indivíduo ou grupo de indivíduos, é nesses termos que passamos a desrespeitar o próximo porque, na falta de sensibilidade, não damos importância às suas crenças ou valores. E aí se instala a discórdia.

Cristo morreu na cruz. Se eu resolvo fazer uma desenhinho com ele lá, pregado, um monte de mulatas em volta sambando, peladas etc etc seguramente estarei ofendendo a fé de milhões de pessoas em todo o planeta, simplesmente porque tive uma ideia criativa e engraçadinha. É preciso ponderar até que ponto sua própria consciência lida com este tipo de informação e não há melhor saída do que entender o que pregam as correntes espirituais do oriente: coloque-se na posição do outro. Só assim você consegue captar a essência da sua mensagem e fazer valer a sua liberdade de expressão sem ofender ninguém (em tempo: trata-se da minha visão em particular. Se voltarmos no tempo - os mais velhos haverão de se lembrar - uns 40 anos, existia no Brasil a revista satírica 'MAD' da qual eu era fã incondicional e comprava toda semana. Deixei de sê-lo no dia em que a revista publicou, na última capa, um foto de Hitler com o título 'Por que não perdoá-lo?'. Choveram cartas (sim, escrevíamos cartas para as redações) criticando a montagem, assim como chegaram outras em menor número achando genial. Questão de interpretação.

Se você não pode satisfazer a gregos e troianos, ao menos satisfaça sua própria consciência.

27 de julho de 2014

O PREÇO DA SOBREVIVÊNCIA

                                       

Reza a lenda que um soldado inglês, nos estertores da primeira guerra mundial, teve sob a mira de seu rifle um soldado alemão ferido quando as tropas germânicas já batiam em retirada do território francês. Movido por compaixão, misericórdia ou algum outro princípio moral, resignou-se a atirar e deixou o soldado viver. O nobre ato traria consequências catastróficas 27 anos depois, quando o mundo contabilizaria mais de 59 milhões de mortos ao final da Segunda Guerra Mundial. O soldado inglês havia poupado a vida de ninguém menos que Adolf Hitler.

É essa indulgência que Israel hoje não se permite ter. Sabe que, se o fizer, o preço a ser pago em um futuro próximo será a vida de seus cidadãos. Por isso não mede esforços para desmantelar a estrutura de túneis construída pelo Hamas com o único objetivo de adentrar seu território e matar, sequestrar, difundir o terror. Israel opta por não ser 'merciful', piedoso, porque sabe que não pode se dar a esse luxo, ainda que isso implique na morte de civis inocentes. Claro, ao abster-se destes valores sabe que a luta vai além do Hamas e amplia a ofensiva sobre estas populações, cujas cenas de morte e destruição tem chocado o mundo e recrudescido o ódio antissemita. Ah, mas o Hamas não os deixa abandonar suas casas, o exército avisa com antecedência os locais dos bombardeios etc etc. O princípio não muda, de uma forma ou de outra não há espaço para a comoção. A máquina de guerra israelense trabalha sob quaisquer circunstâncias para atingir o objetivo maior que é a perspectiva de vida de seus cidadãos e ponto, custe o que custar, no matter what. Não se trata de julgamento, apoio ou condenação. Trata-se de simples constatação. 

Nenhuma guerra é limpa, nenhuma guerra preserva princípios por mais justa que seja. Guerras são travadas por questões territoriais e econômicas, religiosas até. Mas esta, em última instância, é a guerra pela sobrevivência de um Estado democrático às voltas com uma organização terrorista que prega seu aniquilamento. É, portanto, legítima. Não se pode questionar proporcionalidade (cada lado luta com o que tem à disposição, é o passivo histórico carregado através de séculos) ou a falta de disposição ao diálogo - ao menos do lado hebreu, que já atendeu ao pedido de três tréguas recusadas pelo Hamas. E por quê? Porque há um componente ideológico geopolítico que faz da população palestina massa de manobra, por opção própria ou não, aos interesses escusos do Hamas, que somada à política 'no mercy' israelense gera o caos, justamente o que busca a organização terrorista para perpetuar e justificar suas hostilidades. Fosse seu objetivo garantir a segurança do povo palestino e lutar pelos ideais de um estado, teriam sido os primeiros a aceitar uma proposta de diálogo. Qualquer outra via, dado o poderio bélico de Israel, é inviável. E é aí que repousa o grande drama: o interesse do Hamas, acima do bem estar da população palestina, é a destruição de Israel. Por esta razão os recursos que chegam a Gaza, ao invés de se transformarem em medicamentos, transformam-se em foguetes; o cimento, que deveria construir escolas, constrói túneis; e a despeito das dificuldades que o povo enfrenta na região, seus líderes vivem confortável e nababescamente no Qatar. É preciso que se diga: enquanto houver gente disposta a morrer em nome da destruição não haverá esperança, enquanto as vozes da discórdia não forem silenciadas não haverá paz, e isso vale para os dois lados. Se Israel pretende conviver em paz com seus vizinhos palestinos precisa rever alguns princípios, inclusive a política dos assentamentos nos territórios ocupados.

Enquanto isso não ocorre, o confronto é inevitável. E ao contrário do que presumivelmente ocorreu ao final da primeira guerra, Israel não deixará lacunas que possam vir a comprometer seu futuro e de seus cidadãos, mesmo que isso implique em 'danos colaterais'.

Imagine se aquele soldado inglês tivesse pensado o mesmo.

12 de julho de 2014

O BRASIL DAS RUAS VAI A CAMPO

Sinto-me confortável para falar da copa porque, desde o princípio, me mantive refratário à euforia que tomou conta do país. Não torci contra, é preciso frisar, mas tampouco me vi tomado pelo espírito de empolgação que irmanou grande parte da população. Também não voltarei à questão política, aos gastos públicos, nada disso. Vou me ater a aspectos que dizem respeito à organização.

A Alemanha sediou a copa de 2006. Naquela oportunidade, me lembro que a mídia destacava a renovação do time germânico depois de ter perdido a final para o Brasil em 2002. Aquele time, que já contava com Lahm, Schweinsteiger e Mertesacker, chegaria em terceiro lugar. Quatro anos depois, na copa da África do Sul e com o reforço de nomes como Khedira, Ozil, Boateng e Muller, ficaria a um passo da final, sendo eliminada na semi pela Espanha que se sagraria campeã (a Alemanha bateria o Uruguai e ficaria novamente em terceiro). Em 2014, a Alemanha garante vaga na final após retumbante goleada de 7 a 1 sobre o Brasil e enfrenta a Argentina. Ainda que termine como vice campeã, a campanha na copa prova que a evolução não ocorre ao acaso, mas é fruto de planejamento, organização e profissionalismo. Neste aspecto, 7 a 1 ainda é pouco.

Planejamento, organização. Palavras que em terras tupiniquins causam arrepios - não apenas nos campos de futebol - e que caminham na contramão  da essência de um país que vive no improviso, no imediatismo, e que insiste em não se ajustar. A infraestrutura é precária e ultrapassada, os serviços básicos não funcionam, a lei da carteirada impera. Planejar... pra quê? Esse é o modelo do país, transposto ao campo de jogo na medida em que um seleção de nível sofre humilhante derrota. Vamos aos fatos:

- Inciou-se sim uma preparação após a vexatória eliminação na copa da África do Sul na derrota para a Holanda. O trabalho, iniciado por Mano Menezes, contou com  uma boa vitória sobre o time dos Estados Unidos. Mas foi só Ricardo Teixeira cair e Marin assumir que Mano tambem caiu (não estou defendendo o técnico, que ate então não tinha apresentado nenhum resultado tão decepcionante a ponto de ser demitido, mesmo perdendo a final olímpica), em clara demonstração de que o que estava em jogo não era o profissionalismo, mas o apadrinhamento e as relações;

- Veio então o ultrapassado Felipão, um técnico que abandonou um Palmeiras à beira do abismo da segunda divisão e pouco se importou. Não houve reformulação, a base se manteve (apenas acrescentou Fred na frente, que na prática não acrescentou coisa nenhuma) e um esboço tático começou a se desenhar ainda na copa das Confederações, pura ilusão. Não houve evolução;

- O técnico ainda testou Kaká, Ronaldinho e Robinho neste período, mas não levou ninguém que pudesse dar maior maturidade ao grupo ou comandá-lo em campo quando necessário. A liderança ficou à cargo de jovens como Tiago Silva e David Luiz, voluntariosos porém imaturos; são daqueles que acham que cantar o hino a plenos pulmões já implica em vantagem emocional, empunham suas espadas e aos berros cortam o ar enquanto o inimigo vem em silêncio e aplica um golpe mortal;

- O time estava visivelmente mal treinado; jogadores que perderam espaço em seus respectivos times (Luis Gustavo saindo do Bayer e Marcelo reserva no Real Madrid, assim como Paulinho no Totteham e Oscar no Chelsea) e outros que não conseguiam acertar dois passes (Hulk, Daniel Alves) compunham um time desfigurado, sem qualquer padrão. O mais comum era ver os chutões de David Luiz para frente, sem a ligação com o meio de campo;

- A postura do técnico, a medida que o time alemão abria vantagem, compunha a antítese do líder: sem reação, sem atitude, sem presença. Um zero. Não havia ninguém como Didi, que após o gol da Suécia na final em 58 foi buscar a bola no fundo das redes e voltou incentivando os outros jogadores (obrigado pela lembrança, Tobias). O Brasil virou o placar e ganhou por 5 a 2, conquistando seu primeiro título mundial.

A falta de planejamento  foi fatal e o resultado não poderia ter sido diferente, eu já falava isso antes mesmo da copa começar. O Brasil não perdeu apenas para a Alemanha; perdeu para seus próprios erros de execução que, quando não precedidos por um plano de trabalho, podem dar em qualquer coisa, sobretudo em desgostos não previstos. A economia brasileira, a segurança pública e o atendimento médico que o digam...

14 de junho de 2014

VTNC: é preciso contextualizar

São Paulo e Bahia se enfrentaram no Morumbi em uma tarde de agosto de 2000. Foi a estreia da Julia, minha filha mais nova, em estádios, à época com 3 anos. 14 anos se passaram e me lembro daquele dia porque, ao devolvê-la à casa da mãe e questionada sobre o que mais havia gostado naquele dia, deixou de lado a vibração do gol tricolor (a partida acabaria 1 a 1) ou a alegria dos sorvetes para categoricamente afirmar: a hora que a gente levantava e gritava 'Ei, Bahia, VTNC!'.


Foi cômico, obviamente. Me lembro do olhar de reprovação da mãe - para mim, não para ela - ao que respondi que estávamos em um estádio de futebol e a prática lá cabia - faz parte da tradição - e que fora dali o comportamento deveria ser outro, como nunca deixou de ser. E isso me leva a duas constatações:

1. Um estádio de futebol abriga as iniquidades do povo, sua postura em sentir-se acima da lei, moral e bons costumes. São como os espectadores dos antigos embates de gladiadores no Coliseu, que serviam-se dos banhos de sangue como instrumento de diversão e outorgavam-se o poder de decidir sobre a vida e a morte dos combatentes que sucumbiam. Não é assim que funciona? Mal o juiz entra em campo e a sua mãe é ovacionada; o time adversário entra sob sonora vaia; e quando começa a fazer cera, cometer faltas em demasia, segurar o jogo, escuta o coro que a Julia tanto gostou: "Ei, timeco, VTNC!". Não é nada pessoal, é parte de um ritual que habita os estádios e embriaga as massas do esporte há décadas, mesmo que essas massas sejam consideradas por alguns míopes a 'elite branca paulista' em jogo de copa do mundo. Fora dali, isso deixa de existir.

2. Se não fosse assim, é bem possível que minha filha saísse mandando todo mundo tomar por aí em qualquer situação que não lhe fosse conveniente, o que na prática não ocorre. Imagine o constrangimento que seria testemunhar situações dessa natureza, assim como quando presenciamos situações de xingamento no trânsito ou no caso do cara da fila do supermercado que cansou de esperar (de fato, outro dia um senhor reclamou da espera na fila para pagar porque a moça do caixa era uma "monga". Gerou um mal estar geral, a menina do caixa foi às lágrimas e o senhor mostrou-se visivelmente arrependido, mas o estrago já estava feito). Ou seja, apropriar-se do VTNC, remetê-lo ao caráter individual e vomitá-lo em uma situação cotidiana é constrangedor e, de fato, exibe a falta de respeito de quem o usa.

Isso me leva a crer que ninguém, em sã consciência, apontaria o dedo na cara da presidanta e diria 'Ei, Dilma, VTNC!". Nem eu. O que ocorreu foi reflexo de uma prática comum em estádios, como manda o figurino, e foi direcionada à mandatária da nação por sua incompetência em fazer com que o país saia do buraco em que se meteu. Dilma estava no lugar errado na hora errada (como presidanta não poderia deixar de estar ali) e por conta de sua incompetência foi alvo dos xingamentos. Se o time adversário não deixa o seu jogar e é xingado, o que dizer de alguém que emperra o seu crescimento e te obriga a gastar cada vez mais no supermercado para comprar as mesmas coisas?

Assim, contextualizado dentro das tradições do futebol, onde o que vai para o estádio deve por lá ficar, digo que se estivesse lá eu teria gritado em alto e bom som: "EI, DILMA, VTNC!"