Certas práticas, como podemos constatar, mudaram. Outras não. Da mesma forma que fomos capazes de voar, fazendo jus ao sonho de Ícaro, também fomos capazes de manter os mais absurdos preconceitos, enraizados nas "profundas" concepções que nós, humanos, criamos para nossa própria diferenciação. Se a cor da pele, naturalmente, fala por si mesma, fomos além e instituímos as práticas religiosas, as preferências sexuais, tendências políticas, futebolísticas, nacionalistas e tantas outras que, sob a ótica humana (em sua grande maioria), são unilaterais. Não ser capaz de aceitar a opinião alheia ou seus valores é como dizer que aquele que não é por mim contra mim está.
Vivi a experiência esta semana, quando um pai deixou de ir ao casamento do próprio filho, um menino de ouro, porque a noiva não compartilhava da mesma concepção religiosa. Já passei por diversas rupturas na minha vida entre casamentos, separações e nascimento de filhos, abrindo e encerrando ciclos que formataram minha história em cada um destes registros, e me lembro como foi importante compartilhar, com amigos e família, o momento de casar e assumir uma nova vida. Não há - ou pelo menos não deveria haver - motivação religiosa ou de qualquer outra natureza capaz de se interpor entre laços de sangue. E é aí que me questiono até que ponto chega a insensatez humana para justificar suas convicções e abrir mão de significativos pressupostos, jogando pela janela 30 anos de convivência. Não há feridas que o tempo não cure, diz o ditado. Mas as cicatrizes são para sempre.
É preciso dar ao homem mais sustentação, não apenas para que fixe suas bases, mas para que inclua valores, princípios e ideais diferentes dos seus. Quando a semente da intolerância e da discórdia for finalmente superada, aí sim talvez tenhamos condições de construir uma sociedade mais correta, que respeite escolhas e individualidades. E enquanto isso não acontece, continuaremos criando nossos próprios abismos.
Crédito da foto: Phinaphantasy
cuando todo pase por la aceptacion y el respeto, cuando el egosimo no nos haga ciegos, cuando entendamos que el hombre no es un ser superior a menos que no aprenda de sus errores,y , en este caso en especial... que ese padre entienda que fue una plataforma para que su hijo despegue y que que no lo necesita para volar pero si para ser compañeros de vuelo ... ese dia,creo yo, ya no van a existir mas abismos...o al menos, no tantos!
ResponderExcluirNossa André que texto magnifício!
ResponderExcluirTriste, real, mas muito bom em sua qualidade, e seu final primoroso.
Custa-nos ainda a dificíl arte de conviver com as diferenças, mas oxalá nos e nossos filhos possamos aprender com vendo os erros dos outros e tentarmos fazer diferente.
Um beijo grande, e te espero amanhã na festa do blog.
André, sem dúvida este tema é muito amplo , mas você conseguiu sintetizar de modo brilhante!
ResponderExcluirSó tenho algo a dizer:-
"sou intolerante com a intolerância"!!
..pautada nas diferenças sociais, a intolerância cria uma doença ruim no coração das pessoas- fazem as mesmas se sentirem donas de "pequenas verdades pessoais" e fazerem disso uma bandeira para autoafirmação...
sei lá...SINCERAMENTE SÓ POSSO SENTIR MUITO PELO SEU AMIGO POR NÃO TER TIDO A PRESENÇA DO PAI NO CASAMENTO...este filho nunca vai esquecer disso e garanto que quando o pai dele chegar na presença do Deus dele( que respeito e não sei qual é) mas se for do bem ... certamente vai indagar sobre isso ... a mim só resta lamentar por ele!
abraço
Silvia
Reflexão ótima e evoluída. Aliás, a experiência que vivenciou é mais uma evidente constatação de que ainda temos muito que evoluir. E não creio que nossa especie chegará ao ponto. Não há mesmo uma razão que explique tamanha falta de sensibilidade... Grande abraço!
ResponderExcluirAndré: cheguei até aqui através de nosso amigo comum Ricardo Calmon que me disse para vir olhar seu blog, pois escrevi hoje sobre o mesmo tema que vc por causa de um comentário que recebi hoje.
ResponderExcluirAdorei o que li!
Sensibilidade, clareza e liberdade de pensamento! Saiamos da Idade das Trevas, para onde parece que estamos nos encaminhando novamente, em direção à claridade.
Visite meu blog e venha tomar um café com bolo comigo!
Um beijo
André, hoje entrei com mais calma no seu blog e li alguns textos seus...e fiquei embasbacada como escrevemos sobre as mesmas coisas!
ResponderExcluirQuanta sintonia! Sou atéia, apesar de achar essa palavra horrível, e vejo a dificuladde que as pessoas tem de exergar o óbvio...religião é e sempre foi, manipulação das massas.
Ainda bem que existe o consolo de achar um em um bilhão, que pensa como eu...
Beijos
Sorver post esse meu bom André,é a vida viver em UNA formTe abraço!
ResponderExcluirViva A Vida!
Excelente post André, você definiu bem a situação em que o ser humano, de modo geral, se encontra " criando cada vez mais seus próprios abismos".
ResponderExcluirO desrespeito ao próximo é a morte do discernimento humano como podemos perceber neste texto. Mas cada um tem o seu tempo de amadurecer e as mudanças devem acontecer espontaneamente. Enquanto isto cabe a nos (se pudermos ou soubermos) tentar abrandar as consequencias de um ato impensado.
A tolerência cria oportunidades para que o ser humano possa demonstrar boa-vontade ante aos desafetos. Torçamos por isto!
Um grandissíssimo abraço
Oiee, Amigo André!
ResponderExcluirEu penso que nossa evolução é desenvolvermos a espiritualidade com as qualidades de sustenção: sabedoria, benevolência e amor, sendo o amor o príncipio de todas as coisas.
Falta amor no mundo e nas pessoas!
Belo texto!
Grande beijo
Paty
Olá André!
ResponderExcluirMaravilhoso seu texto!! No mundo há muitas pessoas inteligentes, mas poucos são sábios e humildes.
Tem um selo para você no blog Deficiente Ciente em homenagem a nossa amizade.
abraços
Vera
André,
ResponderExcluirEntendo perfeitamente o que é isso. Mas o tempo passa, e as cicatrizes devem ser encaradas como troféus, pois todos nós aprendemos com a dor e com o sofrimento. Precisamos ter humildade, paciência e estrutura, se possível, para perdoar a ignorância, pois é provavel que um dia já passamos por ela. A história mostra que estamos em eterno desenvolvimento e evolução.
Ricardo