20 de abril de 2009

Lições da derrota

O São Paulo foi eliminado pelo Corinthians da disputa do título paulista de 2009 ontem, no Morumbi. O Corinthians foi melhor, mais coeso e focado, fez por merecer o resultado. Mas uma bola cabeceada por Borges na trave do goleiro Felipe, minutos antes do primeiro gol corinthiano, poderia ter mudado a sorte do jogo. Who knows?

A colocação acima é despropositada e tem por objetivo reforçar a improbabilidade do evento. Pouco importa o que teria acontecido na sequência já que o esporte, de maneira geral, pressupõe um vencedor e um vencido (só consigo me lembrar de raquetinha e mergulho fora deste modelo) e todas as circunstâncias anteriores são desconsideradas depois que o a disputa termina. Ou quase todas. É daí que podemos tirar algumas lições, principalmente considerando-se que nada que extrapole os limites do embate - no caso o campo - contribui para seu resultado. Sugiro que você:
1. Nunca menospreze seu adversário (o coelho fez isso com a tartaruga e Golias não deu a mínima para David; ambos pagaram caro pela empáfia). Ainda que por alguma razão particular você não o respeite, seja ela qual for, guarde-a para si e comece a rever seus conceitos. Não há nada que desqualifique alguém que acredita em si mesmo, principalmente se tem um histórico vitorioso na retaguarda. O tal do Leco não apenas foi infeliz em sua declaração (disse que Ronaldo, quando era jogador, não costumava fazer faltas como a que fez em André Dias no primeiro jogo, chamando-o, portanto, de ex-jogador), foi desrespeitoso para com um profissional que já passou por muito na carreira e que está dando a volta por cima. Não acredito que isso tenha influenciado o desempenho de Ronaldo, que deu um tapa na cara do dirigente (esse é o nível que temos por aqui e que não deixa a desejar, à exceção do Beluzzo, do Palmeiras, a nenhum outro cartola). O jogo acabou, o Corinthians passou e a frase do pseudo dirigiente (que ao invés de se calar após o jogo ainda foi dizer que o Ronaldo não fez nada; nada, só deu o passe para o primeiro gol e fez o segundo,muito mais do que Washington, Borges e Dagoberto juntos) entra para a história das bizarrices do futebol. Não queria esse privilégio para mim
. 2. Nunca faça previsões em disputas (não é, Muricy?). Na melhor das hipóteses não acontece nada, pois você 'palpitou' sobre algo que poderia ou não ocorrer, não há nada de sobrenatural nisso. Mas na pior delas, você faz o papel ridículo de ter que se justificar depois.
3. Trate seu adversário com respeito. Diferentemente de menosprezar, respeitar significa adotar os códigos que a conduta esportiva exige, preservando as leis que regem o evento. Foi o que não aconteceu, por exemplo, no palestra, quando o time do São Paulo teve que deixar o vestiário em que se encontrava devido ao lançamento de gás lacrimogêneo. Se a culpa não foi do Palmeiras, pesa sobre o clube a omissão, já que permitiu o ocorrido, assim como ontem a administração do São Paulo permitiu que o ônibus da delegação corinthiana fosse apedrejado às portas do estádio. A despeito dos vândalos que tomam conta das arquibancadas, o clube do Morumbi tinha a obrigação de proteger a entrada do time adversário (não é o São Paulo que se considera o modelo de administração do futebol brasileiro?), assim como não permitir que o espaço destinado aos corinthianos fosse pulverizado com milho e penas de galinha. Uma vergonha, típica de um povo ignorante que vê, no adversário de jogo, um inimio mortal.
4. Aceite o sabor amargo da derrota e saiba utilizá-lo a seu favor. Está provado que aprendemos muito mais com nossos erros do que com nossos acertos. O erro nos dá a possibilidade da revisão, da análise dos pontos que não funcionaram para que possam ser evitados no futuro. Perguntas como 'onde estava a cobertura na lateral esquerda, que permitiu o avanço inconteste de Jorge Henrique no primeiro gol?' ou 'Por que um time que joga com 3 zagueiros deixa o Ronaldo mano a mano com o último homem?´ devem servir como reflexão, não como forma de cobrar o time ou seu técnico (a infalibilidade é caracterísitca humana), mas como parte do processo de aprimoramento. Assim se constrói a base para dias melhores. 5. Encare tudo com bom humor e irreverência. Você já experimentou rir de si mesmo em uma situação incômoda, do tipo tomar um tombo na rua? Rir da sua desgraça (e sejamos aqui seletivos, pois há desgraças e desgraças; refiro-me àquelas que são transitórias e que não vão mudar o rumo da sua vida) certamente fará com que você se sinta melhor, esvaziado e sem os nervos à flor da pele, contribuindo para sua longevidade. Vivendo - na derrota ou na vitória - e aprendendo.

2 comentários:

  1. Caro Andrew, feliz ótica e excelentes comentários! Todos os pontos levantados encaixam-se perfeitamente para uma reflexão do nosso dia a dia, além do esporte. Gostei do seu espírito de esportista refinado e elevado, se bem que, provavelmente, seja coisa de tricolor acostumado às vitórias... Ahh, se todos fossem assim.... Grande abraço!

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  2. Hora de perder é hora de perder, meu amigo, e a vida segue seu rumo. Abs!

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