17 de julho de 2011

Nosso futuro (próximo, bem próximo)

Texto do amigo Sérgio Lopes

Primeiro, um rápido resumo do que foi publicado na imprensa, sobre o último encontro do IPCC.



“Neste ano, pela primeira vez, os cientistas reunidos no IPCC demonstraram total confiança de que a mudança climática se deve à ação humana.”

“O IPCC estima que até o fim deste século a temperatura da Terra deva subir entre 1,8ºC e 4ºC, o que aumentaria a intensidade de tufões e secas.Nesse cenário, um terço das espécies do planeta estaria ameaçada.”

“Populações estariam mais vulneráveis a doenças e desnutrição.”

“Mais de 1 bilhão de pessoas pode ficar sem água potável por conta do derretimento do gelo no topo de cordilheiras importantes, como o Himalaia e os Andes.”

Fonte: Imprensa em geral

“A continuidade na emissão do gás estufa na taxa atual ou maior causaria um aquecimento extra e

induziria muitas mudanças no sistema climático global durante o século 21 e muito provavelmente estas mudanças seriam muito mais impactantes do que aquelas observadas no século 20. {10.3}



Fonte: IPCC (2007)





Como chegamos nesse ponto?



Três importantes, mas não únicas razões:


1) A Praga

Os humanos vêm se alastrando rápida e perigosamente mundo afora, dizimando tudo que é forma de vida e sugando os recursos naturais do planeta.

Hoje, somos um rebanho de mais de 6 bilhões de cabeças, caminhando rapidamente para 9 bilhões, daqui há alguns anos.

Se já é difícil com 6 bilhões, imagine com 9.

Precisamos parar de crescer!


2) O Capitalismo não sabe frear

O grande segredo do capitalismo é trocar emprego por consumo. (O que é positivo!)

O capitalismo pegou carona no sucesso da democracia e cresceu assustadoramente nos últimos 30 anos, turbinado pelo extraordinário avanço tecnológico em informática, comunicações e outras áreas de tecnologia.

O mundo se globalizou e, a partir daí, surgiu um novo animal que prevalece cada vez mais na economia mundial.

As grandes corporações; nacionais, ou multinacionais.

Elas dominam cada vez mais o jogo econômico/empresarial / político/ social, tomando conta dos mercados que mais lhes interessam em todo o mundo.

Mas, em algum momento, em alguma escala quantitativa, essas “empresas” se desequilibram em sua função social, perdem de vista sua proposta inicial e tornam-se um tremendo agressor dos mercados e da natureza.

Um verdadeiro câncer, que se espalha com incrível rapidez, disfarçado de bom sujeito em suas marcas queridas e adoradas pelos consumidores do mundo todo.

Essas mega corporações, gerenciadas sistemicamente, passam por cima de qualquer princípio ético, social ou moral e vão, com tremendo apetite, detonando a natureza, consumindo ou destruindo seus já limitados recursos para saciar sua fome absurda.

O mundo desenvolvido já atingiu seu limite de consumo per capita possível e suportável.

Então, o sistema se expande de forma orgânica, (Darwiniana) em busca de grandes populações mais pobres para então, saciar sua fome e sua ganância desmedida.

E começa tudo de novo.

Mais emprego, mais crédito, mais consumo, mais dinheiro! mais dinheiro! mais dinheiro!

Que não se distribui!

Fica “A La Patinhas” nas mãos de poucos que nadam em dinheiro, enquanto todo o resto da população fica no mais tênue equilíbrio entre miséria e sobrevivência burguesa.

Imagine o que ainda está por vir?

Países como China, Índia, Brasil, Rússia, são a “bola da vez” para essas corporações, pois têm enormes populações e baixas taxas de penetração de bens de consumo.

Um prato cheio para o sistema explorar.

Isso já está acontecendo, basta ver o dia a dia na imprensa; os países do bloco mais desenvolvido, como Europa, Estados Unidos e Canadá já chegam ao ponto de exaustão desse modelo que, sem o crescimento necessário, já não consegue atender às necessidades básicas da população quanto à educação, emprego, segurança, saúde, previdência e vêm acumulando dívidas e mais dívidas, culminando na recente quebra da maior potencia global e representante maior desse sistema, que hoje deve impagáveis trilhões e tanto de dólares.

Enquanto o mundo desenvolvido padece com essa imensa e irreversível crise sócio/econômica, os BRICS nadam de braçada em questão de crescimento, tentando chegar cada vez mais próximos do per capita de consumo dos países “ricos”. Que glória!



Já imaginou o que vem por ai?





Serão mais:



• Milhões de automóveis

• Bilhões de celulares, computadores, e porcarias diversas...

• Trilhões de embalagens plásticas



E isso, não tem como parar, porque chegou a vez dessa população ter seu carrinho, sua casa, seus eletrodomésticos e por ai vamos...


3) O Tempo, uma bomba relógio, uma ilusão

Para nós, simples humanos, um século é o máximo!

Para o planeta e para o universo, são apenas 100 anos.

Isso não é nada.

E olha só o que já fizemos em apenas 50 anos!

Comprometemos a nossa saúde e nossas vidas de forma assustadoramente rápida nesses últimos 50 anos!

Basta ver as estatísticas; da água, do ar, do clima...

Existem vários gatilhos armados.

Não adianta alguns cientistas afirmarem que a coisa não é tão grave.

É grave sim!

O que acontece, é que qualquer dado estatístico referente ao planeta considera no mínimo, centenas de anos de base histórica, o que acaba mascarando a realidade mais recente e mais urgente.

Vejam o que fizemos em apenas, 50 anos!!!

A coisa é exponencial!

Cresce cada vez mais rápido e ninguém acha que é tão grave assim!

É muito grave! É gravíssimo! É urgente!

Vamos abrir então a mente, pois por algum tipo de feitiço, nossos olhos não querem enxergar o que ai está.

Considerando esses três principais fatores problema, segue como estímulo e provocação, um exercício para se evitar o pior e para ser praticado individualmente.

Principais Mandamentos para a mudança:

1. Enquanto estivermos em estado de emergência, não ter mais que um filho, ou nenhum filho, para não sobrecarregar a vida futura dos próprios, dos netos, do Planeta e, por que não, também a nossa.

2. Rever radicalmente nossos hábitos de consumo, aprendendo a comprar apenas o que é absolutamente necessário.

Não é tão difícil assim e é por uma boa causa. “Doe seu quinto jeans”

3. Procure comprar, sempre que possível, as coisas com o menor grau de industrialização.

“Faça você mesmo” é um bom conceito nesse caso.

Faça sucos, faça hortas, faça sua geléia, etc...

Compre mais produtos frescos e, se puder, orgânicos.

4. Preste muita atenção e dê mais valor ao lixo; ele é o principal parâmetro do nosso sucesso, ou fracasso.

5. Desligue-se do sistema por alguns dias e tente se aproximar mais da natureza, nem que seja na sua própria cidade e você verá como é possível mudar.

6. Lembre-se sempre que você é mortal e na sua futura viagem para o além, não é permitido bagagem. De nenhum tipo.

7. Sempre que possível, não use automóvel sozinho, utilize transporte público, ande a pé ou de bike.

8. Se você também acredita na causa, fale dela com o máximo possível de pessoas que puder.

9. Pare ou diminua o consumo de carne bovina.

10. Se você tiver filhos, explique a eles a situação e peça seu apoio.