24 de abril de 2021

DEUS & EU

 Nos encontramos nos detalhes.


No nascer do sol, no sibilar do vento, no canto infinito das águas do rio;


Conversamos em silêncio.


Suas ações se antecipam a meus questionamentos como que para

invalidá-los, assegurando a trajetória natural de tudo que existe;

Trocamos impressões.

Ele diz que não está lá como imaginamos. Está aqui, a

preencher cada espaço, cada vibração, cada nascimento. Cada gotinha de chuva;

Não há despedidas nem começo. Nem meio nem fim.


Apenas permanência.


Revisitando Concepções:


Há algo dentro de nós que se movimenta sempre na mesma direção. É puro instinto, uma engrenagem invisível que nos leva àquilo que mais valorizamos e que de alguma maneira nos pertence, assim como nos faz pertencer. Não há sentido concreto nisto, apenas a constatação de que as inúmeras divisões se espalham pelo mundo e, invariavelmente, criamos identidade com algumas delas. Um dom, uma filosofia, uma conduta. Nos tornamos aquilo que passeia por nossas mentes, remonta às nossas origens, dá sentido à existência. De uma maneira ou de outra, para fazermos aquilo que nos propomos fazer, não haveríamos de estar aqui por alguma outra razão.



Texto original criado em 2007 e postado em 2009.

14 de abril de 2021

PANDEMIA  


Texto originalmente escrito em 21/03/2020

 


Muitos tem encarado a pandemia como uma oportunidade para que o homem reflita sobre seus atos e a forma como conduz a vida no planeta; outros entendem que se trata de um castigo divino – obviamente pelas mesmas razões – e, indo além, há os que acreditam em teorias conspiratórias que envolvem raças estelares ou sociedades secretas no planejamento e execução de macabra estratégia de controle, avaliando o comportamento humano em situações de confinamento e pânico generalizado.

 

Exceto pelo primeiro seleto grupo, os demais transferem a responsabilidade das escolhas que até aqui nos trouxeram como sociedade autônoma. Mas não é possível atribuir a alguma outra fonte, que não a própria raça, a responsabilidade sobre os males causados ao planeta e a todas as espécies que nele habitam. Incluindo nós mesmos.

 

Nós? Como assim? Quem é que em sã consciência pensa em desenvolver um vírus letal que haverá de ceifar centenas de milhares de vidas? (atualização em 14/04/2021: o número de vítimas é de 3 milhões no mundo inteiro, o Brasil se aproxima de 360 mil)

 

Ninguém, obviamente. O problema não está na sua ou na minha vontade, está na estrutura social e econômica estabelecida há séculos e que cria contrastes – senão abismos – entre populações abastadas e empobrecidas, e que serve como meio de cultura para que pandemias como a do Covid19 se instalem.

 

Vejamos o caso da China e seus 1,4 bilhão de habitantes. 1% dos ricos concentra nada menos do que 30% da renda, o que significa dizer que 14 milhões de pessoas tem ganhos mensais da ordem de R$100.000,00 enquanto 99% da população – isso mesmo, 99% que equivale a 1,386 bilhão de pessoas – tem algo em torno de R$ 2.500,00 mensais (‘Parasita’ é uma produção coreana, mas a relação se encaixa muito bem aqui e recomendo ver o filme). Com maiores ou menores distorções, este é o modelo que se replica ao redor do mundo e que exige que populações desfavorecidas busquem alternativas de ganho para sobreviver, ainda que isso implique em comercializar animais silvestres vivos em péssimas condições de higiene (há relatos no país de populações inteiras que saíram da miséria graças a criação de ratos, um dos maiores vetores de transmissão de doenças ao homem). É aí que entram roedores, víboras e morcegos, estes tolerantes a vírus de diversas origens e que se espalham pelo mundo quando o homem invade seus habitats. Trata-se de falta de opção em um mundo predatório onde, como sugeriu Darwin, os mais fortes sobrevivem e os mais fracos se viram como podem. Que se danem as aberrações porque, ao final, há um 'equilíbrio' ‘lógico' que garante o 'sucesso' do modelo. E quando o modelo se perpetua, os efeitos colaterais são devastadores. Estamos, literalmente, ‘vivendo na pele’ a consequência destas escolhas.

 

Vai chegar o dia em que tudo isso irá acabar e a vida voltar ao 'normal', ainda que seja o ‘novo normal’. E é aí que o seleto grupo dos que acreditam em um modelo mais justo e equilibrado, na revisão de condutas e responsabilidades e, finalmente, na possibilidade de um novo horizonte se descortinar depois da trágica experiência, morre na praia. Porque eu aposto justamente no contrário: mais volúpia e determinação em busca dos mesmos objetivos. As perdas econômicas do período serão gigantescas e farão do homem um animal ainda mais individualista, que não se importará em acentuar os abismos que já conhece. E a tendência, infelizmente, é só piorar.

 

Mas e todos que estão trabalhando para mudar os padrões de consciência?

 

Estamos trabalhando na elevação do padrão vibracional há tempos, somos parte integrante de um movimento que respeita a natureza, prega amor ao próximo, realiza trabalhos de conscientização, elevação espiritual e cura. Porém, ainda não somos capazes de gerar a ruptura, até porque nenhum modelo será substituído de forma abrupta como seria no caso do pós Covid (para fazer parte deste trabalho visite https://www.explumiar.com/)

 

As rupturas se estendem quase que imperceptivelmente na linha do tempo. O declínio do Império Romano, por exemplo: começa por volta de 300 D.C., com a invasão dos bárbaros, e Constantinopla (Istambul), o último bastião do bloco oriental, cai em 1.453. Quando imaginamos aqueles povos vivendo nas franjas do império e lentamente tomando conta, estruturamos o pensamento para algo que se cumpre em dez, vinte, cinquenta anos no máximo. Estamos falando de um processo que durou mais de mil anos!

 

As mudanças são paulatinas. Exigem dedicação e principalmente paciência na gestação do processo, que será consagrado com a chegada de lideranças políticas e econômicas alinhadas aos mencionados padrões (lideranças mais ‘humanas’, por mais absurdo que isso possa soar; porque se agora o mundo vai emergir de uma crise mais pobre e com as mesmas lideranças, não se pode esperar outra coisa que não seja recuperar o tempo e o dinheiro perdido mantendo-se o mesmo padrão).  E isso só vai ocorrer a medida em que seguirmos fazendo nossa parte sem desanimar, plantando a semente do bem através de nossas ações, replicando conhecimento, caminhos de cura e abrindo essa rede para envolver mais e mais pessoas até o ponto que sejam tantas a exigir a mudança do modelo que não será mais possível mantê-lo de pé, tendo então à frente pessoas aptas a fazê-lo. Curemos, pois, a nós mesmos, aos outros e ao mundo porque esse é o caminho, essa é a responsabilidade que nos cabe para deixar um mundo melhor para quem ainda vai cuidar dele.