PANDEMIA
Texto originalmente escrito em 21/03/2020
Muitos tem encarado a pandemia como uma oportunidade para que
o homem reflita sobre seus atos e a forma como conduz a vida no planeta; outros
entendem que se trata de um castigo divino – obviamente pelas mesmas razões –
e, indo além, há os que acreditam em teorias conspiratórias que envolvem raças
estelares ou sociedades secretas no planejamento e execução de macabra estratégia
de controle, avaliando o comportamento humano em situações de confinamento e
pânico generalizado.
Exceto pelo primeiro seleto grupo, os demais transferem a
responsabilidade das escolhas que até aqui nos trouxeram como sociedade
autônoma. Mas não é possível atribuir a alguma outra fonte, que não a própria
raça, a responsabilidade sobre os males causados ao planeta e a todas as
espécies que nele habitam. Incluindo nós mesmos.
Nós? Como assim? Quem é que em sã consciência pensa em
desenvolver um vírus letal que haverá de ceifar centenas de milhares de vidas?
(atualização em 14/04/2021: o número de vítimas é de 3 milhões no mundo
inteiro, o Brasil se aproxima de 360 mil)
Ninguém, obviamente. O problema não está na sua ou na minha
vontade, está na estrutura social e econômica estabelecida há séculos e que
cria contrastes – senão abismos – entre populações abastadas e empobrecidas, e
que serve como meio de cultura para que pandemias como a do Covid19 se
instalem.
Vejamos o caso da China e seus 1,4 bilhão de habitantes. 1%
dos ricos concentra nada menos do que 30% da renda, o que significa dizer que
14 milhões de pessoas tem ganhos mensais da ordem de R$100.000,00 enquanto 99% da
população – isso mesmo, 99% que equivale a 1,386 bilhão de pessoas – tem algo
em torno de R$ 2.500,00 mensais (‘Parasita’ é uma produção coreana, mas a
relação se encaixa muito bem aqui e recomendo ver o filme). Com maiores ou
menores distorções, este é o modelo que se replica ao redor do mundo e que
exige que populações desfavorecidas busquem alternativas de ganho para sobreviver,
ainda que isso implique em comercializar animais silvestres vivos em péssimas
condições de higiene (há relatos no país de populações inteiras que saíram da
miséria graças a criação de ratos, um dos maiores vetores de transmissão de
doenças ao homem). É aí que entram roedores, víboras e morcegos, estes tolerantes
a vírus de diversas origens e que se espalham pelo mundo quando o homem invade
seus habitats. Trata-se de falta de opção em um mundo predatório onde, como
sugeriu Darwin, os mais fortes sobrevivem e os mais fracos se viram como podem.
Que se danem as aberrações porque, ao final, há um 'equilíbrio' ‘lógico' que
garante o 'sucesso' do modelo. E quando o modelo se perpetua, os efeitos
colaterais são devastadores. Estamos, literalmente, ‘vivendo na pele’ a consequência
destas escolhas.
Vai chegar o dia em que tudo isso irá acabar e a vida voltar
ao 'normal', ainda que seja o ‘novo normal’. E é aí que o seleto grupo dos que
acreditam em um modelo mais justo e equilibrado, na revisão de condutas e
responsabilidades e, finalmente, na possibilidade de um novo horizonte se
descortinar depois da trágica experiência, morre na praia. Porque eu aposto
justamente no contrário: mais volúpia e determinação em busca dos mesmos
objetivos. As perdas econômicas do período serão gigantescas e farão do homem
um animal ainda mais individualista, que não se importará em acentuar os
abismos que já conhece. E a tendência, infelizmente, é só piorar.
Mas e todos que estão trabalhando para mudar os padrões de
consciência?
Estamos trabalhando na elevação do padrão vibracional há
tempos, somos parte integrante de um movimento que respeita a natureza, prega
amor ao próximo, realiza trabalhos de conscientização, elevação espiritual e
cura. Porém, ainda não somos capazes de gerar a ruptura, até porque nenhum
modelo será substituído de forma abrupta como seria no caso do pós Covid (para
fazer parte deste trabalho visite https://www.explumiar.com/)
As rupturas se estendem quase que imperceptivelmente na linha
do tempo. O declínio do Império Romano, por exemplo: começa por volta de 300
D.C., com a invasão dos bárbaros, e Constantinopla (Istambul), o último bastião
do bloco oriental, cai em 1.453. Quando imaginamos aqueles povos vivendo nas
franjas do império e lentamente tomando conta, estruturamos o pensamento para
algo que se cumpre em dez, vinte, cinquenta anos no máximo. Estamos falando de
um processo que durou mais de mil anos!
As mudanças são paulatinas. Exigem dedicação e principalmente
paciência na gestação do processo, que será consagrado com a chegada de
lideranças políticas e econômicas alinhadas aos mencionados padrões (lideranças
mais ‘humanas’, por mais absurdo que isso possa soar; porque se agora o mundo
vai emergir de uma crise mais pobre e com as mesmas lideranças, não se pode
esperar outra coisa que não seja recuperar o tempo e o dinheiro perdido mantendo-se
o mesmo padrão). E isso só vai ocorrer a
medida em que seguirmos fazendo nossa parte sem desanimar, plantando a semente
do bem através de nossas ações, replicando conhecimento, caminhos de cura e
abrindo essa rede para envolver mais e mais pessoas até o ponto que sejam
tantas a exigir a mudança do modelo que não será mais possível mantê-lo de pé,
tendo então à frente pessoas aptas a fazê-lo. Curemos, pois, a nós mesmos, aos
outros e ao mundo porque esse é o caminho, essa é a responsabilidade que nos
cabe para deixar um mundo melhor para quem ainda vai cuidar dele.