27 de junho de 2009

Abel Antunes em revista

Em sensacional furo de reportagem ;) , o Blog do Mensageiro conseguiu o que parecia ser impossível: entrevistar Abel Antunes, o herói errante que veio ao mundo com o intuito de salvá-lo e que acabou, por conta do destino, mimetizando-se à obra que lhe deu origem.

Abel nos recebeu em sua cabana às margens do rio Marambaia, onde vive sozinho e isolado do resto do mundo. "Uma prática que me resguarda e me devolve a serenidade que preciso", diz ele. A seguir, os principais trechos de sua entrevista:

BDM: você diz manter contato com seres extraterrestres que o orientam para o alinhamento da raça humana no planeta Terra. Em que consiste esse alinhamento?

AA: consiste em olhar para o verdadeiro propósito humano, que é dar abrigo ao seu semelhante e criar uma sociedade mais justa e equilibrada, onde todos tenham a possibilidade de levar uma vida digna. É para isso que estamos aqui, não para a trajetória insana desenhada a base de posse e individualismo.
BDM: e como você pretende fazer isso?

AA: através da palavra. Os meios de comunicação e as mídias sociais, hoje a pleno vapor, haverão de funcionar como facilitadores neste sentido. Mas isso não será tudo. Haverá um trabalho de mobilização, de engajamento, em que cada vez mais pessoas, a par da nova realidade, tenderão a participar. Em pouco tempo seremos milhões lutando pela mais nobre das causas: a salvação do planeta e das raças que o habitam.
BDM: não soa um pouco utópico?
AA: soa, sem dúvida. Estivesse eu no seu lugar e pensaria o mesmo. Foi pensando nisso que meus mestres inverteram o conceito do 'crer para ver', como prega a maioria das religiões. Se você quer um milagre, acredite nele, não é isso? Pois agora passaremos a 'ver para crer'. Os milagres acontecerão e será impossível negá-los, sera impossível não acreditar.
BDM: de que tipo de milagres estamos falando?
AA: Neste momento não posso adiantar nada. A única coisa que posso dizer é que vocês serão testemunhas de um novo tempo .
BDM: da maneira que você coloca, falando em milagres e redenção sob sua responsabilidade, faz parecer que se trata da volta do messias. É sobre isso que estamos falando? Você se considera o novo messias?
AA: não é uma questão de eu me considerar messias ou não, até porque essa não é uma opção minha. Fui escolhido para essa tarefa porque faço parte de um projeto que se iniciou há milhares de anos com o patriarca Abraão, passou pelos reis de Israel e Jesus Cristo até chegar aos dias de hoje. Entende o que quero dizer? Não é uma opção, é algo traçado como um plano. A diferença é que desta vez, como nunca aconteceu antes, o povo lá de cima está apostando todas suas fichas.
BDM: e por que?
AA: porque esta é a última alternativa que resta. A humanidade se afunda em guerras e destruição, o planeta ruma para um desastre climático de proporções inimagináveis. Ao homem foram dadas diversas oportunidades para que o processo fosse revisto, mas em nenhuma delas chegou-se a uma solução a contento. Até porque, se isso tivesse acontecido, não estaríamos neste momento discutindo o assunto. A verdade é que não é mais possível relegar apenas ao homem a tarefa de mudar. Ele está por demais preocupado com seu próprio umbigo para avaliar o que está acontecendo.
BDM: e é nesse contexto que você se insere, a voz que salvará o planeta da sua derradeira destruição.
AA: isso mesmo.
BDM: você já ouviu falar de Inri Cristo? Não teme se expor ao ridículo diante desta situação, exatamente como ocorre com ele?
AA: como eu disse, contra fatos não há argumentos. Não pretendo me expor pela palavra, a palavra será um instrumento. Minha marca serão os fatos, e que disso ninguém duvide.
BDM: nesse caso posso dormir mais tranquilo, pensando que haverá alguém com poderes especiais para reverter o processo de destruição ao qual o planeta está submetido.
AA: deixando o sarcasmo de lado, eu diria que não é o momento de recostar-se tranquilamente e esperar que as coisas mudem. Todos devem contribuir para o processo, todos terão sua parcela de responsabilidade. Ainda que eu dê o impulso inicial necessário, nada acontecerá sem o envolvimento de todos.
BDM: nesse caso, podemos acreditar que ainda há espaço para a salvação.
AA: há, mas não da maneira como vocês imaginam. Lembre-se que todo processo de transição envolve perdas, principalmente quando já se atingiu um estado de exaustão avançado. Vencer esta batalha não significará devolver a Terra ao formato que conhecemos, com nossos preceitos e padrões viciados. Vencer, a despeito da nova realidade que se estabelecerá, será devolver à raça o caráter humano para que leis de justiça e equilíbrio prevaleçam. Só assim terá sequência o processo que culmina, em sua última etapa, com o amor incondicional da humanidade por si mesma, o planeta em que vive e todas as espécies que nele habitam. Que a luz sempre esteja com vocês.
Nota do blog: ao proferir sua última frase, Abel Antunes simplesmente desapareceu diante de nossa reportagem sem deixar qualquer vestígio. Esperamos, em nova oportunidade, poder dar sequência à entrevista.Agradecemos a Abel por sua disposição e desejamos sorte em sua empreitada.

24 de junho de 2009

Zen habits parte 2 - O poder mágico do foco


Uma vez mais recorro ao meu amigo Leo Babauta, do Zen habits, para trazer ensinamentos de grande valia para o dia a dia expostos em seu post 'The magical power of focus'. Tenho sido um daqueles que os aplica na prática e, a bem da verdade, confesso que os resultados tem sido muito interessantes (não fosse isso e acho que não estaria aqui, quase dez e meia da noite de quarta-feira, escrevendo; ao contrário, estaria mais preocupado em dormir na expectativa do dia cheio que me aguarda amanhã). Vamos lá:

“Lembre-se sempre: seu foco determina sua realidade”. Qui-Gon Jinn, personagem de Liam Neeson em Star Wars episode1.

Seguramente este não é um tema presente em nosso pensamento o tempo todo. Para mudar o conceito, algumas considerações:

- Se acordamos pela manhã pensando na imbecilidade de coisas que temos para fazer ao longo do dia, certamente teremos um dia imbecil. Mas se acordamos e focamos na maravilhosa dádiva que é estar vivo, nosso dia será repleto de plenitude

- Se deixamos que nossa atenção pule de uma coisa a outra, teremos um dia atarefado, fragmentado e provavelmente improdutivo. Se focamos em uma tarefa específica, por outro lado, estaremos conectados a ela de tal maneira que não será apenas a coisa mais produtiva que faremos ao longo do dia, mas também será repleta de prazer

- Chegando em casa depois do trabalho: se focamos no fato de que estamos cansados e tudo que desejamos é ‘relaxar’ diante da TV, tudo que teremos como retorno serão horas e horas (provavelmente inúteis) diante da TV. Se focamos em uma vida sadia e produtiva, por exemplo, seremos sadios e produtivos fazendo um pouco de ginástica, nos alimentando bem, produzindo algo (oi eu aqui blogando!)

Vejamos alguns exemplos em que o poder do foco pode ser usado para melhorar alguns aspectos de nossas vidas:

1. Foque em um único objetivo de cada vez
Dois ou três objetivos ao mesmo tempo, via de regra, leva ao ponto em que nenhum deles se completa. Sobrepostos e difusos,dispersam a energia necessária para que cada um deles seja levado a êxito. Exemplo: se resolvo emagrecer ao mesmo tempo em que resolvo pintar a casa, posso cair na besteira de passar horas pintando e depois, morto de fome... Já viu, né?

2. Foque no agora
Focar no presente, ao invés de manter o pensamento no passado (‘Não acredito que ela falou isso pra mim!’) ou no futuro (‘O que é que eu vou falar nessa reunião amanhã?’) requer disciplina, mas os resultados são fantástico: redução de estresse, melhor aproveitamento da vida e maior produtividade (ói eu aqui blogando!)

3. Flua!
Você já se envolveu em algo a ponto de sentir o mundo a sua volta desaparecer? Quando você perde a noção do tempo em função do que está fazendo, abre caminho para o conceito do fluir, um dos mais importantes ingredientes para se alcançar a felicidade. Desligue a TV (que é o oposto ao fluir) e dedique-se a algo que o envolva (oi eu!). Foque e surfe na onda do agora!

4. Foque no positivo
Sentimentos de missão cumprida descarregam sensações agradáveis no corpo e espírito. Lembre-se também de manter o olhar voltado para os aspectos positivos e agradecer, sempre, pelo simples fato de estar vivo

Por enquanto é isso!

Crédito da foto: Davidh

20 de junho de 2009

Otimizando o tempo

O texto abaixo foi extraído do blog Zen Habits, de Leo Babauta, que se manifesta de maneira favorável quanto à reprodução de seus artigos. Entendo que suas dicas são importantes e, sobretudo, funcionais - aplicadas no dia a dia seguramente trarão bons resultados:

É uma ironia da vida moderna que, enquanto a tecnologia segue inventando coisas que nos poupam tempo, nós o usamos para fazer mais e mais coisas, imprimindo à vida um ritmo alucinante. Ela acaba passando tão rápido que mal temos tempo de aproveitá-la!

Será que é mesmo necessário ser assim?

Um ritmo mais tranqüilo significa tempo para aproveitar as manhãs (ao invés de sair feito um louco para o trabalho), tempo para curtir o que você está fazendo. Significa adotar a prática de ‘uma coisa de cada vez’ ao invés de uma multiplicidade delas onde não há foco em nenhuma.

Diminuir o ritmo é uma escolha consciente e nem sempre fácil, mas leva a melhor apreciação da vida e maior grau de felicidade. Eis aqui algumas sugestões para fazê-lo:

1. Faça menos – É difícil diminuir o ritmo quando você tenta fazer milhões de coisas ao mesmo tempo. Ao invés disso, faça a escolha consciente de fazer menos focando naquilo que é realmente importante, naquilo que precisa ser feito, deixando o resto de lado.

2. Esteja presente - Diminuir o ritmo não é suficiente. Você precisa estar focado no que está fazendo em determinado momento. Quando você se pegar pensando no que precisa fazer, no que já aconteceu ou que ainda vai acontecer, transporte-se gentilmente para o momento presente e mantenha o foco na ação.

3. Desconecte – Não esteja conectado o tempo todo. Aprenda a deixar seu iPhone, iPod, notebook ou o que quer que seja para trás de vez em quando. Quando isso acontece, você presta atenção em outras coisas.

4. Foque nas pessoas – Muitas vezes nos encontramos com a família ou amigos e, na verdade, não estamos com eles. Falamos com eles, mas nossa atenção está voltada para outras coisas. Estamos lá, mas nossa cabeça está nas coisas que precisamos fazer. Escutamos, mas estamos pensando em nós e no que queremos dizer. Preste atenção na diferença entre estar conectado às pessoas e simplesmente encontrá-las.

5. Aprecie a natureza – A maioria de nós está em casa, no escritório ou no carro e raramente em contato com o ambiente externo. Tenha tempo para observar a natureza, inspirar ar puro ou passear pelo campo.

6. Coma devagar – Comer depressa faz com que comamos além do necessário e sem prazer. Aprenda a comer devagar e esteja presente em cada mastigação, apreciando sabores e texturas. Comer devagar traz o duplo benefício de satisfazê-lo com menor quantidade e mais gosto. Além disso, procure alimentos naturais, evite frituras, sal, açúcar e alimentos gordurosos.

7. Encontre prazer nas coisas – Além de estar focado no que estiver fazendo, aprecie. Por exemplo: quando estiver lavando louça, não procure correr com a tarefa para terminar o mais rápido possível. Sinta a sensação da água escorrendo por entre os dedos, da espuma.

8. Tarefa única – Foque em uma coisa de cada vez. Quando você sentir necessidade de pular para outra coisa, pare e respire.

9. Respire – Quando você perceber que está acelerado, pare e respire profundamente. Repita. Sinta o ar penetrando em seu corpo e o estresse saindo. Mantendo o foco em cada respiração você é transportado ao momento presente e a partir daí desacelera.


Crédito da foto: Hape gera

17 de junho de 2009

Enfim... Ética!

Ah, mudança de ares. Sair dos bastidores enlameados da política nacional para falar de ética e respeito, valores cada vez mais escassos no nosso dia a dia, é um exercício sublime, ainda mais quando o assunto é futebol!
Calma lá, obviamente não se trata de um jogo em gramados brasileiros, senão em terras holandesas. O dia que algo assim acontecer por aqui, em um Corinthians e Flamengo, por exemplo, será o sinal de que figuras como Sarney e cia. estarão relegados a um passado que todo brasileiro, com um pouco de vergonha na cara, fará questão de esquecer. Tá longe ainda.

O lance inusitado ocorreu em 2006, se não me engano, mas ainda assim vale o registro porque cenas como essa não vão se repetir tão cedo. A partida era entre o time do Ajax (de vermelho e branco), um dos mais tradicionais clubes da Holanda e por onde passou Johan Cruijff - o comandante do carrosel holandês de 74 e um dos maiores jogadores de todos os tempos - e um time de amarelo e azul que não pude identificar. Reza o fair play que, quando um jogador se machuca sem que o juiz tenha marcado falta, e por isso desaba no gramado, a equipe que tem a posse de bola a coloca para fora para que o jogador receba atendimento médico. Reiniciado o jogo com a cobrança de lateral, o jogador que fica com a bola devolve a gentileza ao adversário, normalmente chutando na direção do goleiro sem oferecer perigo.

Ao ver o jogador do Ajax caído na área, o zagueiro do time de amarelo coloca a bola para fora (o filme mostra o 18 do Ajax caído na área e é editado, cortando para a cobrança de lateral e a devolução da bola). O lateral é então batido e o jogador do Ajax, quase do meio de campo, manda a bola para o goleiro adversário.

Para a surpresa de todos, inclusive do próprio jogador do Ajax a quem coube a façanha, a bola entra no gol! Ele, ao que parece, tenta explicar que não era essa sua intenção (não deve ter visto que o goleiro não estava exatamente onde deveria estar). Ao juiz não cabe outra atitude que não seja a de validar o gol, já que o lance transcorreu durante o desenrolar natural da partida. E foi então que veio a lição de respeito a quem estava do outro lado.

Por estar ciente de que havia marcado um gol em condição regular, porém em desacordo com as leis do cavalheirismo que regem o esporte, o time do Ajax permitiu ao time de amarelo fazer um gol na sequência. Tudo bem que os caras são ruins e quase perderam o gol, não fosse o pique do 18 e a bola teria saído. Mas é admirável observar um time inteiro parado para que a condição de igualdade fosse, como mand a ética e o bom senso, reestabelecida.

Ganhar a qualquer custo implica que gols com a mão (Dalle Maradona!), através de simulações de penalti e outras façanhas sejam parte do espetáculo. O fim justifica os meios, diria Maquiavel, porque o que importa, no final das contas, é estar na frente, vencer.
Onze homens em campo mostraram que nem sempre é essa a mentalidade que prevalece.



Crédito da ilustração: Bê Franco

15 de junho de 2009

Batendo na mesma tecla 2


Tá, eu sei, dava pra dormir sem essa. Daqui a pouco dá meia-noite e eu, sem nada melhor pra escrever (sem nada melhor uma ova, tem um zilhão de coisas que seriam muito mais interessantes do que dar espaço a esse dinossauro senil, que não se cansa de ver seu nome jogado na sujeira), caio na besteira de falar novamente de bastidores da política. Fazer o que, né? Mas já que comecei, até o fim agora.
Pobre Sarnento. Um sujeito alçado à condição de presidente porque quis o destino que Tancredo Neves, então eleito, sucumbisse. Um pulha que teve as contas devassadas pela Polícia Federal (foi com a filhinha fofinha que a PF apreendeu um milhão de dólares em cash, não foi?), recebia auxílio moradia até outro dia, tinha um neto de 22 não concursado ganhando mais de 7 paus (precisa?) e teve o nome da sobrinha envolvido em troca de favores. Ah, era sobre isso mesmo que eu queria falar: Sarnento deu emprego a uma jovem no conselho editorial do senado, que preside desde 2002, através de um daqueles atos secretos. A menina é modelo e eu tenho certeza que, no dia em que literatura e passarela se misturarem (já checaram o perfil dele no orkut e, das 352 comunidades que participa, nenhuma é ligada à literatura), eu desfilo pelado na rampa do congressoo! Apenas para concluir, a menina é filha do ex-ministro das minas e energia Silas Rondeau, apadrinhado do digníssimo presidente do senadoe acusado de ter recebido propina de 100 paus da construtora Gautama.
Agora vou dormir mais tranquilo e prometo não falar mais dessa múmia. E nem adianta ficar rogando praga, o cara já foi eleito imortal pela ABL. Fui!

13 de junho de 2009

Batendo na mesma tecla...




É uma pena cair novamente na questão, poderia aproveitar este espaço para discorrer sobre outras amenidades. Mas isso incomoda de tal maneira que me vejo impelido a escrever sobre o assunto, uma vez mais falando do Sarnento, essa figura lúgubre e vampiresca que ainda percorre os corredores do congresso (presidente do Senado, só pode ser piada). E duas porradas de uma vez só: um neto de 22 anos, não concursado e que ocupava o cargo de secretário parlamentar, com salário de R$ 7,6 mil, e uma sobrinha, ao custo de R$ 4,6 mil ao estado, lotada no gabinete do senador Delcídio Amaral em Campo Grande (Delcídio diz que ela está lá, um assessor seu diz não conhecer a mulher. Twitei o Delcídio a respeito, quero ver o que ele responde, se é que político responde). Esses 'eventos' fizeram parte de atos que não foram publicados, como manda a lei, e que simplesmente passaram a vigorar. Que beleza! Descobriu-se entre esses atos secretos, por exemplo, que mulher ou marido de ex-parlamentar tem assistência odontológica e psicológica vitalícia. Socorro! Isso me lembra muito Luis XVI e sua corte: opulência, limites, revolução e guilhotina.
Mudanças já. Esses caras não podem simplesmente varrer a sujeira para debaixo do tapete e achar que tá tudo bem, que seremos as velhas e boas ovelhas de sempre. Minha campanha para lançar todo mundo na fogueira (e viva São João) segue mais viva do que nunca!


11 de junho de 2009

Dark side of the rainbow

O título é fruto da mescla entre 'Dark side of the moon' - disco do Pink Floyd gravado em 1973 e uma das maiores pérolas do rock de todos os tempos - e da canção 'Over the rainbow' - da trilha sonora do filme 'O mágico de Oz' (1939), interpretada por Judy Garland - e carrega uma daquelas lendas urbanas que ninguém jamais conseguiu provar: a de que o Dark side teria sido gravado tendo como pano de fundo o filme, tamanha a sincronia existente entre ambos.

Waters, Gilmour e cia. nunca deram crédito à versão. Alan Parsons, engenheiro responsável pelo disco, afirmou que o assunto tampouco foi mencionado durante as gravações. O fato, de qualquer maneira, é que as duas obras guardam notáveis coincidências, o que na pior das hipóteses leva ao conceito da sincronicidade criado por Jung.

Em O último mensageiro fiz alusão ao tema da seguinte maneira:

Bizarro. Curioso, para dizer o mínimo. Não se sabe ao certo de onde surgiu a composição, mas o duo O mágico de Oz, da obra de Frank Baum, produzido em 1939, e Dark side of the moon, álbum da banda inglesa Pink Floyd, gravado em 1973, compunham um continum intrigante. Sobrepostos, acionando-se a trilha do disco a partir do terceiro rugido do leão da Metro-Goldwyn-Mayer no filme, era possível observar uma sincronia incomum, como se as faixas houvessem sido compostas sobre os movimentos dos personagens. A começar pelo triângulo pendurado na árvore quando Dorothy, vivida por Judy Garland, se dirigia ao rancho dos tios, e que guardava incrível semelhança com o prisma da capa do álbum. Ou então seu encontro com o espantalho a caminho da terra de Oz, justamente quando a faixa “Brain damage”¹¹ ganhava seus primeiros acordes. A sra. Gulch em sua bicicleta e os sinos introdutórios de “Time”¹¹, o exército dos Munchkins marchando em perfeito compasso com as batidas de “Money”¹¹. Coincidências – ou evidências – que assumiam papel menor quando comparadas ao espírito que estas duas notáveis produções tinham sido capazes de criar: a busca pela consciência, fé e compaixão, de um lado, e a obra de rara inspiração e relação visceral com o espírito criador do outro.
Hann não teve o menor trabalho em conter o sono. Viu quando Dorothy perdeu o equilíbrio sobre a cerca e caiu, a voz suave de David Gilmour a expressar “And balanced on the biggest wave, you race towards an early grave” em “Breathe”. Ele sabia que Judy Garland havia morrido prematuramente aos quarenta e sete anos, vítima de overdose de barbitúricos, e foi ali que se convenceu que a ligação entre filme e banda não era simples obra do acaso...


Para finalizar, um trecho do filme em sincronia com 'Us and Them' (que já foi tema de um outro post). Interessante notar o movimento das três bailarinas e, principalmente, dos três carequinhas, cujas pernas se movimentam em linha com as batidas da música. Qunado David Gilmour entoa 'Black', o filme fecha em close sobre a bruxa; quando é 'and blue', a cena corta na sequência para a fada.

Sincronias à parte, ouvir 'Us and Them' é um exercício de prazer que se renova há 36 anos!





7 de junho de 2009

O Brasil e a copa


O ufanismo é o mesmo de sempre. O povo sai às ruas para comemorar a escolha das cidades que sediarão os jogos, os políticos discursam e posam de heróis (quando na verdade estão apenas enxergando os novos horizontes que a escolha abre para suas carreiras e seus bolsos), figuras do passado futebolístico cedem sua imagem em troca de exposição (e grana, claro), sem mesmo ter qualquer relação de berço ou trabalho com as cidades para as quais se prestam ao papel. Uma farra. O Brasil tem mesmo essa pobreza de espírito, a mania de trocar os vocábulos 'fato' e 'festa' e viver como o cachorro que abana o rabo para o dono. Ao invés de criar soluções de conteúdo, sustenta-se em pilares de superficialidade regados à cerveja e linguiça e que garantem, como se isso bastasse, a felicidade do povo. Nada como manter essa massa sob controle em sua limitada noção do que a felicidade, de fato, representa.


Não sou contra a copa de 2014 em terras tupiniquins. E não por ser amante do futebol, jogar semanalmente, ir ao estádio ou assistir pela TV. Vivo a paixão desde os 8 anos de idade, quando meu pai me levou pela primeira vez ao Morumbi para assistir a São Paulo e Fluminense. Talvez ela, a paixão, justificasse o desejo. Não. Não pode haver enganos nesse sentido.


A única razão pela qual vejo com bons olhos a realização de uma copa no Brasil é em virtude do ganho que as cidades-sedes, e consequentemente suas populações, terão em questões de infra-estrutura. Uma copa exige transporte, hospedagem e instalações hospitalares, por exemplo, de primeira linha, o que obrigará estas cidades, nos próximos 5 anos, a redimensionar boa parte de sua estrutura. São Paulo terá que contar com transporte mais decente, o que inevitavelmente acelerará as obras do metrô ou os planos de ampliação da malha viária. O resto faz parte do teatro e da vocação do Brasil em viver de imagem, sem um alicerce real que a sustente.


Desviemos o olhar para as estruturas falidas que tomam conta deste país. Segurança, saúde, educação... Há uma enorme incoerência em se pensar em copa quando o país tem necessidades mais preementes, não? Para se ter uma idéia, o país conta com pouco mais de 290 mil vagas em seu sistema prisional, que hoje abriga nada menos do 446 mil. E vamos construir estádios, não presídios. Há 500 mil mandados de prisão não cumpridos porque não há lugar para colocar toda a bandidagem sob custódia da lei. Onde eles estão? Nas ruas, convivendo lado a lado com o cidadão de bem pela simples inoperância do estado. Estado não lembra estádio...?


Esse é o outro lado da questão. A construção e reforma de estádios, principalmente os que pertencem à esfera municipal, vão comer o dinheiro público com voracidade. O exemplo do Pan do Rio parece que não serviu de nada, não sei quantos bilhões acima do orçamento previsto foram gastos e o que restou foram complexos abandoados. Um escárnio. Os políticos se inflamam, falam em novas construções (pergunto: há maior incoerência do que querer construir um novo estádio em São Paulo, que já conta com o Morumbi? Não há nada melhor para fazer com o dinheiro público?). Agem como se nada pudesse abalar seus planos de alçar seus nomes ao estrelato, graças a um evento repleto de glamour e que não enche a barriga de ninguém.


E o povo sorri, abre uma breja e segue comemorando...

6 de junho de 2009

Notáveis coincidências


Há alguns anos venho coletando material a respeito do assunto. Tratam-se de eventos cotidianos, na maioria das vezes sem maior profundidade, mas que refletem o momento sincrônico que pessoas e situações, de alguma maneira relacionadas, vivenciam ao mesmo tempo. Foi Jung quem cunhou o termo sincronicidade para explicar o fenômeno cuja relação causal é substituída pela de significado (daí o termo, também por ele criado, 'coincidência significativa'). Exemplos não faltam: vão desde um comentário despretensioso sobre o Rio Grande do Sul, justamente quando no segundo seguinte, ao parar no farol, o carro à nossa frente leva a placa de Caxias do Sul (RS), passando por palavras que do nada vem à cabeça como 'efeméride', e que horas mais tarde é encontrada no livro que estou lendo (Napoleão), ou os números 3 e 9 que a todo momento me perseguem, até comentários sobre o Led Zeppelin com a Gisele no elevador, descendo para a garagem. Quando ligo o rádio... Não é Led que está tocando. Mas a música que entra na sequência (Kashmir) é!



Há, entretanto, alguns registros que são dignos de nota:



1. Gisele e Julia, minhas filhas, no carro. Uma pergunta à outra qual o nome do fulano que elas chamam pelo sobrenome, eu me intrometo de bobeira e digo Fernando. A Gisele pergunta de onde eu o conheço e eu, naturalmente, digo que não o conheço. O cara se chama Fernando.




2. Aniversário da Julia. Ela se encontra com o grupo de dança, há uma outra menina que faz aniversário no mesmo dia e elas resolvem comprar um bolo para dividir com o grupo, a mãe da outra menina as acompanha. Quando esta fica sabendo que o sobrenome da Julia é Charak, pergunta se ela é parente de André Charak. 'É meu pai', ela diz. André Charak é o nome que consta como comprador no documento de transferência do carro que ela vendeu em 2008. Eu comprei o carro da mãe de uma amiga da Julia que faz aniversário no mesmo dia que ela.




3. Dani, Mari, Éder e eu estamos aguardando o elevador ao retornar do almoço em dia de trabalho. Mari e seus looooongos cabelos loiros, veste blusa verde e calça preta. E quando vou dirigir a palavra a ela, antes de entrar no elevador, paro por um segundo porque percebo que... não é ela. Há uma outra loira de cabelos loooongos, vestida de blusa verde e calça preta nos mesmos tons, um verdadeiro clone! Apareceu não se sabe de onde e subiu no elevador conosco (é sempre bom ter testemunhas para dar suporte a esses absurdos, contando ninguém acredita), foi impressionante.




4. Após ter consultado um oftalmologista (Dr. Fabrício), que por sinal achei ótimo, marco consulta para a Julia. Ocorre que a Julia já tinha sua oftalmologista (Dra. Dina), mas que deixou de atender convênios. Assim, optei por encaixar a Julia comigo quando do meu retorno, segunda feira passada. Na semana anterior, a recepcionista liga para confirmar a consulta de segunda, porém pergunta se deve cancelar a de quinta. Achei que eu tinha enlouquecido de vez, marcando duas consultas. 'Quinta?', perguntei. 'Não me lembro de ter marcado consulta na quinta'. 'Ah...', ela respondeu, 'Foi a Noemi (mãe da Julia, que não sabia que eu estava marcando consulta) quem marcou com a Dra. Dina'. Resumindo: Dra. Dina e Dr. Fabrício atendem no mesmo consultório, só que em dias diferentes. Ao escolher um oftalmologista de uma lista do convênio, fui parar no mesmo lugar que a Julia já ia.




E assim caminha a humanidade...


Quem quiser relatar experiências outras, por favor sinta-se a vontade!


Crédito da foto: Jenn (the flyingrat)

2 de junho de 2009

Vida longa à tradição celta


"Evoco um passado distante. Distante no tempo e na razão, mas não nos caminhos que falam ao coração.


Sinto que estou perto, embora ainda não seja capaz de distinguir o trajeto com precisão. Estas árvores, espalhadas por todos os lados, insistem em me confundir. Mas meu instinto, em meu mais profundo íntimo, revela a força que se conecta a um outro lugar, a um outro ser, que neste momento não se encontra longe dali. Posso sentí-la com sua ansiedade contida, envolta em seu amor que aguarda em silêncio, sem saber ao certo quanto tempo se passou desde o início da minha jornada. E volto porque sei que a este lugar pertenço, que por mais que minha vida se desdobre em outras experiências que não estas terras sagradas, jamais hei de esquecê-la.


Nada se compara à vista destas planícies. O mar, o brilho da areia, as terras que sobem e se estendem pelo horizonte. Terras férteis, gentilmente agraciadas pelas mãos da natureza em sua esplendorosa bondade. Terra de aventuras e paixões, de danças e sagas, em cuja essência repousa o espírito das tradições celtas. Colina acima e tudo se enche de um verde fulgurante que perdura mata adentro e parece iluminar meu caminho. E quanto mais avanço, mais essa luz me aquece, como se tocasse meu rosto em busca de proteção, como se me chamasse de volta ao meu próprio lar...



Lentamente me aproximo. Observo a fumaça que emana ao longe e pareço sentir a presença dela. Seu aroma de maçã, seu olhar parece perdido na própria inocência. Fecho os olhos e me concentro na imagem que rodopia, braços abertos ao vento e sorriso fácil que acompanha o ritmo da música. Roda como se em minha direção caminhasse, como se pudesse sentir a presença de meu espírito a invocá-la, desejando-a em busca da unicidade como se há muito já estivesse escrito. Ela rapidamente joga o olhar para a porta, como se pudesse sentir minha presença. Joga o manto sobre as costas e sai, recolhe o olhar que colide com os raios de sol da manhã. Eles se acostumam e ela os dirige para o horizonte em busca de seu guerreiro distante.



Nada além da campina e da névoa que se perde no infinito. Por um instante ela sente o peso do corpo nos joelhos como se fosse desabar, uma vez mais, sobre o fardo da frustração. Diz para si mesma que se manterá de pé, segura de seu propósito e da existência do caminho. Quando a união se concretiza dessa forma, tenuamente equilibrada em filetes de energia e emoção, ela sabe: não há o que temer. Mas então ela baixa os olhos, uma vez mais enganada pela ausência. Prepara-se para retornar quando, em um último alento, lança o olhar em direção à campina. É então tomada pelo primeiro ardor que sai do coração, dá a volta pelo corpo e retorna como uma pequena bola de fogo. Em meio a névoa, algo parece surgir sem muita definição. O cavalo marrom, ela tem certeza. O passo torna-se trote, o trote galope. O coração dispara, a saudade parece ter ficado pelo caminho. O poder daquela energia nos teria feito levitar no espaço, entrelaçando nossos corpos até que se tornassem um só.



Lar. Um pequeno refúgio encravado nas montanhas, coroado pelo incessante tocar do rio em seu fluxo natural. Emociono-me ao sentir a energia que me toca o peito como se quisesse explodí-lo em súbito assalto de paixão. E ela está ali, parada na soleira, mãos cruzadas sobre o ventre, o cabelo angelical escorregando por sobre os ombros. Eu tinha certeza: era ela quem me guiava todo esse tempo. Emanava seu brilho, mantinha acesa a esperança que me trazia de volta, ainda que os deuses se pusessem em nosso caminho. Diminuo a marcha, não mais do que alguns metros nos separam. Nossos olhares se cruzam, a energia parece aumentar de intensidade. Desmonto. As botas sujas tocam o solo e me ajoelho sobre a perna direita. Cerro meu punho com força e o estendo à terra. Estou de volta.



Nossos movimentos são lentos. Caminhamos um em direção ao outro na certeza de que deixaremos para trás toda a saudade que o tempo nos relegou. Agora estmos um diante do outro, olhares fixos, sentimentos divididos. Silêncio. Minhas mãos deslizam sobre seu rosto, fecho os olhos e nossas frontes se tocam. E assim permanecemos pela eternidade recompondo nossas almas, realinhando nossas energias. A paz duradoura volta a habitar nossos corações. Nasce o abraço eterno, a luz assume tom claro e nos envolve por completo como se nada, nada além da oconsciência do compartilhar sem limites, pudesse existir naquele momento. Olhos nos olhos, lábios nos lábios, um leve rodopio no ar. O vestido acompanha o movimento na espiral de saudade que parece ter chegado ao fim.



Vida longa à tradição celta".




Que a extensão do fio mágico que conduz a vida, ignorando variáveis outras que não as virtudes de meus próprios sentimentos, sele o caminho que leva à eternidade.