2 de abril de 2013

Brasil, um país fadado ao fracasso

São dois os pressupostos básicos para uma nação que almeja progresso: gente séria e capacitada que a comande, de um lado, e pessoas dispostas e de mínimo nível educacional capazes de produzir, de outro. As leis pairam acima e, se aplicadas a todos, servem para regular a vida em sociedade.

Desde os tempos da independência, o Brasil é um país de mandos e desmandos, de troca de favores e preservação de interesses corporativos. As pessoas alçadas ao poder, com raríssimas exceções, trabalham em benefício de determinadas classes ou grupos, favorecendo sempre uma minoria. Hoje, por exemplo, o governo Dilma loteia ministérios para não perder apoio político, mesmo sabendo que está abrindo seus cofres a gente com um passado político nada ortodoxo, ficha suja até o último fio de cabelo. Nesse contexto, falar em gente séria é piada, falar em gente capacitada que possa doar seu conhecimento e trabalhar em prol da nação é utopia. Ética? A palavra já deveria ter sido abolida do Aurélio há muito tempo.  Não há um sentido coletivo no que diz respeito a organizar e liderar, levar o país a um patamar acima. A classe política é a mais bem paga -  principalmente se levarmos em conta o que produz - e se limita a distribuir favores e manter o status quo inalterado. Quem progride? Eles mesmos. Não é à toa que países de maior IDH (índice de desenvolvimento humano) como a Suécia, por exemplo, tem seus parlamentares vivendo em modestos apartamentos, enquanto aqui se paga R$ 3.800,00 aos nobres deputados apenas como auxílio moradia. É um acinte para a média de ganho do brasileiro. Professores, por outro lado, são mal remunerados e sua deficiência, seja na quantidade de profissionais à disposição do ensino, seja na qualificação, emperra o tal progresso. Aí avançamos para o  segundo pilar deste post: a educação.

 O povo brasileiro é fruto da miscigenação iniciada no período colonial e que mesclou portugueses, índios e negros (além de contar com ondas migratórias nos séculos seguintes em que povos de todas as partes da Europa e Ásia, principalmente, aportaram em terras tupiniquins), estes últimos escravos até 1888. Enquanto nos países de origem hispânica o ensino superior já havia sido instituído desde o século XVI, a primeira universidade brasileira só foi fundada em 1808 (Universidade de Medicina da Bahia, graças à vinda da família real ao Brasil, já que até então Portugal não permitia a criação de escolas de ensino superior). Ou seja, não havia o menor interesse da metrópole em educar ou formar gente qualificada, característica que se perpetua até os dias de hoje através de um ensino público medíocre e que marginaliza boa parte da sociedade. Falta estrutura, gente e recursos. Falta apoio, visão de longo prazo. A boa educação passa, necessariamente, pelas instituições privadas. Sem qualificação não há produção de nível e não se gera riqueza, a não ser nos bolsões segmentados que nos acostumamos a ver. Além disso, criamos uma sociedade em que impera o mau gosto e a falta de educação, a metáfora do cara embarcando em voo internacional de regata e chinelo de dedo ou aos berros no celular à mesa do restaurante. Uma sociedade desinformada e sem postura, que não sabe o que é respeitar o próximo como na foto que ilustra o post - a venda de ingressos para a reinauguração do estádio na Fonte Nova, na Bahia. É o fiel retrato do comportamento de um povo sem qualquer referência moral.

Se o Brasil pretende, em algum momento de sua história, tornar-se uma nação de primeiro mundo, precisa primeiro se descontruir. Precisa recriar o processo educacional com uma base sólida e eficiente que forme cidadãos, não porcalhões e marginais. Precisa redistribuir a renda paga a esses merdas de políticos para incentivar gente capacitada que queira transmitir conhecimento, equilibrando o convívio em sociedade. Isso também levará os políticos a buscarem ocupações em que possam ganhar/ roubar mais, deixando os cargos legislativos nas mãos de gente que esteja de fato interessada em desenvolvimento e que não precisa 'dos tubos' para trabalhar em nome do país. Eu calculo, em média, uns 300 anos para isso acontecer, desde que iniciemos o processo já. Políticas assistencialistas, copa do mundo e olimpíadas só contribuirão para manter a massa sob controle e garantir a reeleição, justamente o que almeja este governo que aí está. Progresso? Só mesmo na bandeira nacional...