Se há um elemento comum às
tragédias de Paris e Mariana é o terrorismo. Sim, porque se de um lado temos o
terrorismo explícito, representado por bestas que se explodem em meio à
multidões, de outro temos o terrorismo velado, silencioso, que corrói as
entranhas pouco a pouco.
Paris foi vítima de um dos mais
inomináveis atos de intolerância já registrados na história da humanidade.
Radicais islâmicos estabelecem suas próprias leis através da Sharia e tratam de
eliminar quem a ela não se adequa, mesmo que em ‘território inimigo’. Não há
espaço para o respeito ao próximo (até porque isso é a última coisa que se
espera de um chamado ‘radical’), a ação se reveste de insanidade e o resultado
é um banho de sangue.
Mariana, por sua vez, também viveu
um ato de terrorismo. Um terrorismo tipicamente brasileiro, que atua como se
não tivesse grandes pretensões e que se transforma em catástrofe quando menos
se espera. Conjuga a ineficiência e corrupção do estado com a ação predatória
de empresas que colocam o capital acima de qualquer princípio, esvaziando a
ética de ambos os lados. Nesta composição, portanto, não há um, mas vários
grupos criminosos que colaboram para o desenrolar da tragédia. É quem constrói
a barragem, quem aprova o projeto, quem o legaliza e quem o fiscaliza. Rola uma
grana aqui, libera-se um laudo ali, vista grossa para não comprometer os
prazos. E compromete todo um sistema, todo um habitat que levará décadas para
ser recuperado, se é que isso é possível.
A França se mobiliza de todas as
formas para evitar novos atos terroristas em seu território. Hollande já chamou
para si a responsabilidade, uma célula terrorista foi desmantelada cinco dias
após o atentado. O país superará este episódio e dele sairá mais forte. Enquanto isso, o terrorismo brasileiro seguirá
da mesma maneira, prejudicando quem menos pode, favorecendo os círculos de
poder e minando a já precária estrutura do país. Esse não tem salvação e, com o
perdão do trocadilho, vai se afundar no mar de lama.