30 de setembro de 2009

Deus existe?

A frase invade minha mente e de imediato abro os olhos: 4hs49 da manhã, marca o celular ao lado da cama. Tenho a quarta-feira pela frente dentro de duas horas, penso, ao mesmo tempo em que viro para o lado em busca do sono. Segundos depois ela reverbera, como que sussurrada em meus ouvidos: 'Deus existe?'

Sento-me na cama. Que brincadeira é essa, afinal? Fecho os olhos a espera de alguma imagem que acompanhe o 'áudio' e o que vejo são manchas alaranjadas em torno de um sol límpido, nascente, que prepara terreno para mais um dia. Entendo a mensagem: é um 'Deus existe?' em forma de post. É chegada a hora de fazê-lo.

Deus não existe.

Ao menos esse Deus da doutrina judaico-cristã que fomos obrigados a aceitar como único e verdadeiro, o criador que castiga os ímpios e é, sobretudo, o instrumento de controle que permite a seus representantes na Terra manter o caminho do rebanho às cegas. 'Deus castiga', 'você não vai para o céu', 'isso é pecado' , dizem eles em meio a tantas outras objeções que tem por objetivo cercear a ação e atender aos anseios de uma minoria.

Estabelece a doutrina cristã que padres, por exemplo, não podem casar e ter filhos. Mas se a consagração do matrimônio é um dos pilares do cristianismo, a família, porque é que seus próprios representantes não podem fazê-lo? Que mal há em preservar a espécie humana - dádiva divina - dentro da estrutura religiosa? Ora, é sabido que desde os primórdios da idade média padres não se casavam simplesmente para evitar que as riquezas da igreja, a instituição mais poderosa e organizada da época, fossem divididas! Rabinos, por outro lado, conclamam à leitura da Torá, o livro sagrado do judaísmo, convidando membros da congregação para subir ao altar e a eles se juntar nas festas mais tradicionais. Ao mesmo tempo, é comum ouvir histórias sobre leilões que são realizados dentro das sinagogas para que os mais privilegiados subam ao altar para a leitura da Torá, contribuindo com uma 'módica' quantia em dinheiro. Religião, poder, dinheiro e Deus, na concepção do homem, sempre andaram lado a lado.

Que espécie de Deus é esse que se esconde por trás de interesses duvidosos e designa quem pode pelo poder da reprodução, assim como pelo poder do dinheiro? Esse é o Deus do homem, do Edir Macedo, do Michael Jackson e da Madonna. É o Deus baladeiro, que gosta de grana e de poder, e que nada tem a ver com a verdadeira essência divina. É, na prática, o reflexo do homem diante do espelho.

Deus, na minha visão, tem outro conceito. Deus é a energia maravilhosa que nos irmana, que nos faz pertencer ao mesmo plano, que nos faz alegre quando um de nós está alegre ou que nos torna solidários quando um de nós sofre. Deus é compaixão no sentido literal da palavra, é amor quando se abraça o todo, é o respeito constante que mantemos a nossa volta, seja para com nossos semelhantes, seja para com a mãe natureza e seus elementos. Deus é a essência, a chama divina que habita nossos corações e junta peça por peça em um quebra-cabeças infinito, sem que nenhuma delas seja a mais importante. Deus é pureza de espírito, liberdade e poesia, longe de ser 'faça isso' ou 'faça aquilo'. Deus é livre-arbítrio.

Essa é a verdade que não somos capazes de perceber porque ficamos presos aos dogmas que permeiam nossas tradições há séculos. Antes de esperar que "alguém" lá em cima faça rumo por nós, desabrochemos nossa semente divina e façamos valer nosso verdadeiro papel.

Nós somos Deus.

27 de setembro de 2009

Ecos do Japi




Patty, se me permite, tomo a liberdade de fazer uso do título do seu blog , o Ecos do Japi (sigam o link e boa viagem), para este post. Lá estive no último sábado em companhia dos amigos Haroldo e Priscilla para uma gostosa caminhada em meio à mata, acompanhado também da Rosana e dos pequenos notáveis incansáveis João Pedro e Luiza. Além, é claro, da nossa querida guia Patty 'Salerosa' em pessoa.

A Serra do Japi é uma cadeia montahosa que se divide entre os municípios de Jundiaí, Cajamar, Pirapora do Bom Jesus e Cabreúva. Foi declarada reserva da Biosfera pela Unesco e tombada pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico. "Um santuário", como diz a Patty em seu blog, que abriga natureza diversa e exuberante.
Recorro ao meu querido Abel Antunes, personagem de 'O último mensageiro', em uma de suas passagens à beira do rio com Marina, deslumbrada com a beleza do lugar em que se encontravam:



"– Que lugar maravilhoso é este?

À luz do dia, por entre o voar dos beija-flores e a passagem dos esquilos pelas árvores próximas ao rio, Marina estava fascinava com a beleza simples da Lumiar. Encontrara Abel recolhido junto à margem, exatamente no ponto mais alto antes da embocadura que levaria aos chalés.

– Já tomou seu café? – Ele perguntou.
– Saí de lá neste instante – ela apontou para a recepção. – Onde você estava?
– Fui dar uma volta, acabei de me acomodar aqui.

Na elevação em que se encontravam, podiam observar a parte mais larga do rio, embora fosse também a mais rasa, com pedras de tamanhos e formatos variados dispostas quase que em linha reta de uma margem à outra. A água circulava suavemente por entre elas em um esteio cristalino, sem muita velocidade.

– Não canso de vir para cá – Abel disse. – Abre meu espírito, me conecta com a natureza.
– Não é pra menos. Aqui dá pra esquecer da vida.
– Ao contrário, Marina. Aqui se resgata o verdadeiro valor da vida".

Eis aí o mesmo sentimento que me mobiliza em situações como essa: a simplicidade de estar conectado à natureza e seus elementos e o prazer de desfrutar da magia das pessoas, verdadeiro bálsamo para quem vive o dia a dia do concreto, da razão e do egocentrismo espalhado por todas as esferas. A alma agradece o privilégio!

Crédito da foto 'Borboletas':Priscilla P. Gutierrez

24 de setembro de 2009

Momentos

Lapsos de tempo ou oportunidades, átimos que se abrem com a chuva e saem em disparada embalados pelo vento. Olhares difusos. Multidão, solidão, traços em constante mutação.
Momentos! Essências, fragrâncias, visões e texturas cravados no segundo, no minuto ou no tempo que você achar necessário. Tome-o, ele é seu, faça bom uso. O passado enterrado está, o futuro a Deus pertence. O presente? A dádiva que a vida lhe deu, a magia de sorver cada momento como se fosse o último. Abrace-a! Radiolab traduziu o estalo no composto abaixo, um tributo a cada 'single special moment' que, como seres humanos, somos capazes de gerar e compartilhar. Esse é o seu momento, nada mais resta a fazer senão desfrutá-lo!

Crédito: Radiolab

21 de setembro de 2009

Smiling at Simple Special Spaces


Talvez nada seja mais representativo do que o sorriso. Expressão espontânea de rara felicidade, transborda alegria, cria, irmana e abastece. Faz crer que os pequenos gestos que propiciam situações como essa fazem a vida valer a pena. E nada melhor do que poder ver refletido no rosto de cada um a sensação de prazer que se traduz, em última instância, no simples estar juntos. Momentos, sorrisos...
Agradeço o privilégio e agrego mais essa vírgula ao rastro que vou deixando pelo planeta!

17 de setembro de 2009

Heróis anônimos

O Blog do Mensageiro inaugurará, em breve, o tag 'Heróis anônimos'. Trata-se de espaço dedicado àqueles que, no silêncio e na simplicidade, contribuem para um dia a dia melhor dos que estão ao seu redor através de atos, gestos e sorrisos. Um mundo melhor se faz com pessoas melhores e melhores atitudes!

Sugestões serão muito bem vindas e podem ser encaminhadas para andrecharak@uol.com.br com foto e uma pequena biografia!



Crédito da foto: Picto Brand

12 de setembro de 2009

Le dor va dor

Ou no original em hebraico, de geração em geração. Diz meu amigo Ricardo Calmon, incansável guerreiro, que 'viver é pura magia'. E é. Mas isso, meus amigos, não se diz impunemente, é preciso criar e treinar o olhar que encara a vida e seus desígnios sob essa ótica, sem se distanciar de valores que dizem respeito à troca e doação. No caso dele especificamente, um mestre no assunto, levou seus requisitos além, muito além do simples existir (Oscar Wilde escreveu 'viver é a coisa mais rara do mundo; a maioria das pessoas apenas existe') e fez valer a frase que dá título ao seu blog. Acredito que é apenas dessa maneira que a vida se torna uma grande dádiva, um exercício em que toda sorte de preciosidades trabalha a favor do fator humano, não como indivíduo que é, mas como elo de uma corrente imaginária e infinita que, quebrada qualquer ligação, leva o todo consigo.

Exemplos de bondade não nos faltam, assim como exemplos do simples existir. Quando a vida se torna uma corrida desenfreada em busca de segurança, traduzida no acúmulo de bens que criam a condição ilusória da 'salvação' e que passam a representar o foco de toda uma trajetória, a semente divina deixou de soprar, substituída pela simples existência. Quando deixamos de valorizar os pequenos sabores do dia a dia, simplesmente porque perdemos a sensibilidade para com eles, é chegado o momento de parar e refletir. Ninguém vive apenas das emoções, naturalmente; é necessário um trabalho árduo no dia a dia para garantir condições de subsistência e progresso, elevando-se padrões. Mas daí a ter essa estrada como única referência, ignorando as oportunidades que se apresentam em nossas vidas para fazer e receber o bem, seja através de um gesto, sorriso ou palavras, é entrar em terreno escorregadio e perigoso. Como diz minha amiga Cris Toth, 'um propósito materialista sem a perspectiva espiritual não sobrevive por muito tempo'. Parece que se encaixa com perfeição.

Esse é o meu olhar. Respeita os demais, entende sua natureza, mas pauta-se pela sua própria sensibilidade. É ele quem cria minha trajetória entre erros e acertos, glórias e derrotas, conquistas e decepções. Esse é o meu conceito de vida. Nunca deixei de sorrir para ela, assim como ela nunca deixou de sorrir para mim. Sou pai, sou filho, sou o acúmulo de meus registros e daquilo que procuro transmitir adiante. A palavra, quase sempre, é meu instrumento.

Dedico este post aos meus pais, responsáveis por parte daquilo que hoje sou, e minhas filhas, que me fazem acreditar, sempre, que o propósito maior é a base de toda educação, mesmo com o trabalhão que dá (rs). E ao velho e bom Ricardo, sem o qual viver ainda seria magia, mas não com a mesma qualidade.

Uma ótima semana para todos!


6 de setembro de 2009

Pinceladas


"Da vida. Em flores, tons e cores, texturas e amores. Na chuva, na benção, na alma. Temores. Luzes e palavras".