30 de junho de 2013

PRODUZIR is not an option!

Embora tenha origem no campo das ciências biológicas, o termo parasita aplica-se com propriedade às ciências sociais, sobretudo quando o olhar volta-se para a classe política brasileira. O parasita, por definição, é o  indivíduo que capta a energia necessária à sua sobrevivência através de um terceiro, o chamado hospedeiro, e perpetua essa relação simbiótica em que ambos usufruem do que apenas um produz. Não é à toa que a origem da palavra grega significa 'aquele que come ao lado', e que claramente traduz a ideia de que o esforço do hospedeiro sempre terá que ser maior para compensar a inércia do pária.

Traduzindo isso em realidade social, a brasileira carrega o péssimo hábito de beneficiar-se de situações em que nenhum esforço ou energia é dispendido por conta própria. Isso vai desde o simples ato de furar uma fila (o esforço foi do outro em se planejar e chegar primeiro), prática muito comum entre a maioria de nós e que se não sugere maiores implicações econômicas esbarra na fraqueza moral, até apropriar-se indevidamente do dinheiro alheio. E não estou falando aqui de roubo ou corrupção, estou falando do dinheiro que é cedido por lei àqueles eleitos pelo povo e que em troca produzem... o que? A Folha de hoje noticiou o fato de Dona Dilma gastar mais de R$ 3.000,00 para se produzir ante às cameras de TV em seus pronunciamentos (e olha que puta dinheiro mal gasto, a cara da mulher não melhora uma vírgula). E não se trata do valor ser alto ou baixo, se trata do que é produzido em contrapartida para se ter acesso a ele! Se a mulher de um grande empresário quiser gastar R$ 3.000,00 para fazer as unhas é um direito que lhe assiste, o marido produziu o suficiente para bancar a conta (se vale ou não é outra questão). Mas no caso da Dona Dilma, que tipo de produção justifica o gasto? A quebra da Petrobrás? O elenco inflado de 39 ministérios que ela mal consegue administrar? A alta da inflação ou a estagnação econômica? 

A classe política brasileira é adepta da prática há décadas. "Você produz, eu compartilho, nós usufruímos!". É verba disso, daquilo, em troca de que? Das práticas imorais? Dos conchavos? Foi só o povo sair às ruas que produziram em dois dias o que não produziam há dois anos! O Brasil precisa se reinventar, e pode começar por práticas muito simples: para sobreviver e ter acesso a ganhos, é preciso produzir. Não basta ficar sentado em uma cadeira no congresso nacional, trocando figurinhas com comparsas, inventando coisas idiotas para o tempo passar. É preciso produzir, gerar recursos e receber de acordo. Não é assim na vida de todo mundo? Por que na política haveria de ser diferente? Há que se criar a consciência necessária que indica o trabalho e a geração de riqueza como primeiro passo para um processo de distribuição que garanta a eficiência dos serviços públicos. Quer auxilio moradia? Quer verba de gabinete? Quer verba pra contratar auxiliares? Quer auxilio terno? Vai trabalhar, vagabundo! Ou como você acha que o Japão emergiu como potência econômica depois de ser arrasado pela bomba atômica? Ou como as cidades devastadas pelo tsunami há dois anos já foram reconstruídas ao passo que nós, parasitas e preguiçosos, mal saímos do lugar?
Isso chama-se arregaçar as mangas e trabalhar, coisa que a voz das ruas parece estar colhendo seus primeiro frutos. Produzir, meus caros, não é opção, é obrigação!



23 de junho de 2013

Líderes: a arte de saber construir

Tive o privilégio de trabalhar com grandes líderes, homens como Rubens Taveira e Jose Maria Latugaye, que ajudaram a moldar meu caráter como profissional e apontar os caminhos em busca de resultados. Agradeço a eles pelos ensinamentos, entre eles - e fazendo um paralelo com o discurso da Dona Dilma - posso citar:

1. Diante de uma questão ou problema vá direto ao ponto, nada de rodeios ou chover no molhado, tergiversações ou desvio de foco - exatamente o contrário do que fez Dona Dilma, que usou metade do tempo do seu discurso para legitimar as manifestações e condenar os atos de vandalismo. Ora, isso tá todo mundo cansado de saber, é insistir em algo que todo mundo já viu, descascar a questão sem um objetivo definido, sem a busca por soluções. Se você já participou de uma reunião com mais de três pessoas, seguramente já passou por isso em algum momento da sua vida

2.       Definido o problema, busque soluções e monte um plano de trabalho que envolva prazos, recursos e responsáveis para resolvê-lo – pronto, exatamente o que fez Dona Dilma ao afirmar que a solução para a saúde no Brasil é trazer médicos do exterior, não? Solução perfeita, encobrindo os problemas reais de estrutura, leitos, materiais e o total sucateamento do serviço de saúde pública. Soluções dessa natureza são para inglês ver, barrigam a questão sem vislumbrar saídas viáveis

3.       Errou? Assuma. As pessoas que trabalham com você perceberão que errar é uma possibilidade real e que pode acontecer até com o líder; isso as incentiva a agir, a não pecar pela omissão, mas aprender com os erros – como disse Dona Dilma, tudo que ela não conseguiu fazer foi por limitações políticas e econômicas – coisas do sistema, não de sua incapacidade como líder (as crianças pequenas costumam dizer ‘não foi minha culpa!”)

Enfim, dá pra listar uma série de outros atributos como saber ouvir e traçar um diagnóstico antes de tomar qualquer decisão – coisa que a Dona Dilma adora não fazer, tomando decisões por conta e risco e não dando ouvidos aos que a cercam, como já manifestaram vários ministros – cercar-se de gente com habilidade e iniciativa para a execução de projetos – exatamente o que ela não faz ao recrutar um bando de fichas sujas para assessorá-la - ou mentir - balela essa história que não há financiamento público na construção dos estádios, só o dinheiro perdido em isenções fiscais já conta. Já tive o desprazer de trabalhar com líderes perfil 2D (Dona Dilma), uma mistura de inépcia e total falta de foco que desperdiça recursos e tempo, e  posso dizer que os resultados sempre foram os piores possíveis...

22 de junho de 2013

Basta!

O conceito de riqueza passa pelo acúmulo desmensurado de bens e capital a qualquer custo, ao menos aos olhos dos políticos brasileiros que seguem a mesma prática perpetrada por seus antecessores portugueses desde os primórdios da colonização. Talvez seja esta a simbologia maior do poder, refletida no valor tangível que eleva seu proprietário a um status diferenciado, elitista e nobre, exatamente como se fazia há 500 anos. De lá para cá, pouca coisa mudou.

É neste contexto que, para eles, os fins justificam os meios, sobretudo quando a prática se instala entre seus pares e ficar pra trás é suicídio. Você é envolvido pela máquina, compactua com as ações escusas e, ao final, recebe seu merecido prêmio. Desde a época que me conheço por gente, quando Paulo Maluf era prefeito de São Paulo, a coisa já era assim. E vem de forma tão descarada e avassaladora que o mais comum é passar isso adiante como um ritual, uma prática de pai para filho, exatamente como ocorreu com o senhor supra citado e seu rebento mais famoso, Celso Pitta, mais tarde retirado de casa pela PF de pijamas por desvio de recursos públicos. Você se sentiria ridículo e incomodado ao se lembrar do episódio, mas me lembro de ter ido ao aeroporto e encontrá-lo no desembarque internacional, elegantemente vestido e distribuindo sorrisos como nada tivesse acontecido. Faz parte do jogo.

Ocorre que, obviamente, esse jogo tem seus efeitos colaterais. Se o sujeito se apropria de um montante que não lhe pertence, o destino original fica no vazio. E pode ser o sistema de saúde, a educação ou a segurança, já tão sucateados e sem qualquer perspectiva que os protestos que se espalham pelo Brasil afora vem em boa hora. Na cabeça destes párias, acostumados a um padrão que tem mais de 500 anos de história, que problema tem desviar uns R$ 500 mil, por exemplo? Eu me aproprio deste valor e amanhã alguém cobre, de algum lado sai. A luta para fazer parte desta elite, traduzida neste acúmulo desmensurado de valores, não tem escrúpulos e passa por cima das necessidades básicas da sociedade. Escrúpulos ou moral, a ponto do senhor Celso Pitta (apenas um entre milhares de outros exemplos), depois de tudo que roubou, dar a cara à tapa, expondo-se em sorrisos como se nada tivesse acontecido. O povo é dócil, ignorante, passivo, não é mesmo? Ao que tudo indica, esse tempo há de ficar para trás, a sociedade exige um basta. Ninguém deve pairar acima da lei.

As manifestações devem continuar e lutar contra tudo que se acumulou como lixo neste país nos últimos 50 anos. A voz que vem das ruas coloca sim, em risco, a prática erosiva, mas que não se iludam seus organizadores: manter-se apartidários permite obstruir decisões, mas não lhes dá o direito de tomá-las. Também é preciso organizar-se politicamente - criando um partido novo se a lei permitir, filiando-se a um existente, enfim - para expor suas ideias, ganhar apoio e assumir o leme desta nau sem rumo, dando um fio de esperança às gerações futuras.