
Bernard Madoff conta hoje com 72 anos e cumpre pena na prisão estadual da Carolina do Norte. Foi presidente da Nasdaq, a bolsa americana de empresas de tecnologia, colaborou com entidades filantrópicas e esteve a frente de fundos de investimentos desde que fundou sua própria empresa, em 1960. Acumulou um patrimônio razoável - sua cobertura em Manhattan,confiscada pelo poder público, já teve oferta de quase US$ 9 milhões, que serão usados para cobrir parte dos prejuízos. A pergunta que fica é: qual o limite?
Insensatez e insaciabilidade parecem caminhar lado a lado na tênue linha que coloca ganância e espírito coletivo em lados opostos. Para exceder valores e desejos comuns à maioria dos seres humanos, um homem se dispõe a criar um esquema em que se beneficiará de bilhões, ciente de que prejudicará milhares. A conta de chegada é simples: para embolsar recursos financeiros gerados por fatores não produtivos, mas especulativos, é necessário que, na outra ponta, alguém injete dinheiro. Foi o que fizeram empresas, bancos e sabe-se lá quantos outros investidores no esquema conhecido como pirâmide, onde os ganhos se realizam com cada novo investidor que entra na base. Quando estoura, quem está no topo leva vantagem; o resto... Sifu.
A vida do sr. Madoff, vítima de seus lampejos egoístas e vilipendiosos, resume-se hoje à privação de liberdade. Mais do que isso: sua expectativa de vida atrás das grades é bem menor. Tivesse ele mais 20 anos pela frente, seguramente teria seu período reduzido para 5 ou 6 nessa condição. Seu estado de saúde não é bom - especula-se que tenha desenvolvido um câncer no pâncreas - e outro dia foi levado ao hospital com suspeita de fratura nas costelas. Quem mandou não ficar quietinho no seu canto? Roubou, roubou e nem teve tempo para aproveitar, coitadinho...
A justiça não falha. E me refiro à lei divina, que faz o ajuste de contas à sua maneira. O juiz Lalau, por exemplo, teve o benefício da prisão domiciliar pela idade avançada, mas a hipertensão e a depressão lhe roubaram a magia da vida. Sérgio Naia, que lesou famílias com a queda do Palace II no Rio (8 mortos e 150 desabrigados) e nunca teve seu partimônio tocado, enfartou e morreu aos 65 anos. Bem feito, com todo respeito
O senso comum indica um caminho, o ganho incomensurável outro. E é nessa estrada da vida que estes senhores vão fazendo seu acerto de contas com o plano superior, quem sabe embuídos da humildade e gentileza (boa, Orlando!) para fazer deste um mundo mais honesto e equilíbrado. Em suas próximas encarnações, talvez.