21 de fevereiro de 2010

O novo Mundo

Qualquer semelhança não é mera coincidência, sobretudo pelo fato de ter escrito sobre 'Avatar' no último post. Saltemos, pois, do futuro, 150 anos a frente, e mergulhemos no passado...

Corre o ano de 1607 quando 3 navios ingleses aportam na Virginia (sugestivo nome para uma terra inóspita) a fim de estabelecer uma colônia no local. Trata-se da história de Pocahontas em formato adulto, envolta em tamanho lirismo que - às vezes -chega a ser chato. Mas essa é a marca do diretor Terrence Malik, que conseguiu imprimir o mesmo movimento em 'Além da linha vermelha', o mais poético dos filmes que tiveram como tema a 2a. grande guerra, em particular as batalhas travadas entre americanos e japoneses. Como diz o Dan, velho amigo, 'Petacular!'


É essa plasticidade que dá a 'O novo mundo' a conotação do sonho, da descoberta e da possibilidade de união entre os povos (do ponto de vista indígena, logicamente, que por ironia do destino chega a salvar o branco do fustigante inverno local ao lhe fornecer comida). Em reunião do conselho, os índios chegam à conclusão que devem expulsar os brancos, antes que mais cheguem e a situação se torne irreversível. O que não sabem é que o processo de conquista e apropriação, acima de qualquer lei, cedo ou tarde os empurrará para fora de suas terras. Avatar?


É, portanto, a característica selvagem humana que prevalece (e dizer que eles, índios, eram os selvagens). Rompem-se com as tradições da cultura ao se passar como um rolo compressor sobre seus valores, submetendo-0s a preceitos que sob a ótica do homem dito 'moderno' são verdadeiros. Assim se destrói uma nação, enterrado-se valores em nome da nova ordem. Nada é mais emblemático do que a cena em que Pocahontas, a princesa do além-mar, é recebida pelos reis ingleses: vestida dos pés a cabeça em trajes europeus, abrindo mão de seu verdadeiro mundo, é a prova viva do poder que deixa suas marcas por onde passa. Ela não sabe, mas já está morta.


As contradições são imensas. Enquanto índios se unem em torno de objetivos comuns para garantir sua sobrevivência - caçar, organizar seus ritos - os homens matam uns aos outros na luta pelo poder ou pelas provisões que ainda restam. Doenças se alastram, crianças são abandonadas à própria sorte e tem-se a nítida visão do caminhar humano na construção de suas sociedades: um contínuo arrastar que deixa vidas pelo caminho, se suporta em em seu individualismo e faz valer, acima de tudo, a lei do mais forte.


Outras práticas

13 comentários:

  1. Transitar entre o futuro e passado...exercício bacana este que você sugere!
    ..cada vez mais nos mostra que essa divisão não existe! Vivemos os mesmos conflitos independente do "tempo"!
    Nossas questões são sempre as mesmas , sob novos cenários ou antigos cenários!
    André querido, o incrível é que quanto mais o "tempo" passa , percebo como as pessoas têm dificuldades em assumir o lado escuro de suas personalidades e encarar que temos problemas em sermos humanos...
    MAS; TENHO DESCOBERTO COM A MATURIDADE ,QUE CONFLITOS SÃO NECESSÁRIOS PARA MARCAR MOMENTOS ONDE A NOSSA PUREZA E FRAGILIDADE ESCAPAM E SE MOSTRAM E AÍ DESEJAMOS DESFENDER OU PROTEGER-NOS...
    escrevi tudo isso aqui , apenas pensando e viajando no PORQUE TEMOS TANTA CURIOSIDADE EM ASSUNTOS COMO ESTE? E PORQUE FILMES COMO ESTE QUE VOCÊ SUGERIU NOS TOCA TANTO?
    Deve ser porque ainda sofremos com medo de sermos um dia extintos como raça ...SERÁ NOSSO INSTINTO Á NOS PROTEGER? BJÃO

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  2. Excelente reflexão,Sil! talvez passe mesmo pelo medo que, de qquer maneira, seria injustificável. Fico ainda com a teoria da insegurança, essa mola que move o homem para o acúmulo desproporcional e desnecesário, pensando em um futuro que talvez nem chegue a viver... bjo!

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  3. Cara, assistir esse filme a uns 10 anos atrás... E pra te falar a verdade, eu durmi... Portanto, não gostei muito deste filme...Mas...

    Abração...

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  4. Há uns 5 anos, Carlos, o filme é de 2005...rs. De fato,como comentei, ele chega a ser chato e cansativo.Mas o valor da mensagem é inestimável. Abraço! PS./;passo no blog prapegar o selo, obrigado!

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  5. Ola Andre! A história se repete... ontem assisti o jornal, ultimamente tenho banido tal programação e pensei exatamente sobre a essência desta reflexão (assunto: Argentina versus Inglaterra e as Ilhas malvinas = território, poder, petróleo): homem quer dominar homem, ter o poder, no final pra quê???
    Enriquecer poucos e destruir muitos, muitos e muitos...tudo!

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  6. Paty, querida, são esses pequenos detalhes reflexivos que fazem a diferença. Olhar pra tudo isso e não conseguir enxergar o porque demonstra visão completamente oposta em relação ao mundo contemporâneo. Graças a Deus, somos míopes nesse sentido!

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  7. Olha só que legal, ficar ausente tem lá suas mais diversas vantagens, passo aqui além de ter dicas ótimas pra assistir, ainda leio uma sinopse escrita por vc e por sinal!...melhor do que isso só dois disso né?(E que venham as confetes!!)rsrsrs

    Brincadeiras a parte...eu fiquei curiosa quanto ao Novo Mundo, lembrei ao ler de algumas passagens de "Dança com Lobos", já Avatar vi uma entrevista com o diretor e os atores e pelo pouco que vi gostei, mas ainda me recuperando de uma pequena cirurgia, então acredito que vou ter que assistir em DVD já que disseram que em 3D o filme é o máximo.

    Gostei do final do post "erva daninha humana"...mas cá entre nós...tem além das ervas as florzinhas perdidas né?rs

    Bjo!!

    Obrigada por sua passagem lá no meu cantinho...:)

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  8. Desejo uma pronta recuperação, Andrea, pra iluminar o seu e todos esses outros cantinhos. Quanto às florzinhas perdidas, te digo que são elas que fazem a diferença. Bjo!

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  9. Oi mensageiro,estou passando por aqui e adorei as suas postagens.Os temas são muito bem escolhidos por você.Voltarei sempre.Um abraço.Zen.

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  10. Ola, Zen, obrigado por sua visita e comentário, as portas do blog estão sempre abertas!

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  11. Olá.
    Vou dar uma olhada...

    Tenha um ótimo dia.
    abraços.

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