1 de maio de 2010

Tempo de refletir

Afastar-se-se da rotina, ainda que de maneira involuntária, é o primeiro passo para o processo de revisão e, por consequência, de reformulação. Práticas e posturas são avaliadas sob o espectro do tempo e do valor humano, centrados nas questões que habitam os recônditos de nosso ser: é mesmo essa a vida que quero? Sou feliz da maneira que a conduzo? Onde isso vai parar?

Foi meu amigo Bruno quem disse que se você não para, a vida te para. E para mesmo. A dengue foi um acaso, um erro de cálculo de um mosquito multívago que, inadvertidamente, se apropriou de um sangue de baixo valor protéico que corria pelas veias de um corpo quase sem imunidade. dadas as condições de vida que eu havia estabelecido para mim mesmo. Daí pra frente foi queda livre.


15 dias foram suficientes para sentir na pele os efeitos da 'mardita'. A experiência em si é péssima, óbvio, mas dela também se extrai algo positivo (como tudo na vida). No momento em que o ciclo começa a se fechar e a condição interna retoma seu ritmo normal, sem febre e dores, um novo horizonte vai se desenhando lá fora. Por que? Porque dentro do intervalo compulsoriamente concedido é possível rever o ritmo da vida e o fio que a conduz.


Não se trata de escolha, embora em algum momento deva ter existido essa possibilidade. Trata-se do turbilhão de tarefas que preenchem o dia a dia, do deixar-se levar pela louca presunção que tudo por ser feito no período. No começo, bem me lembro, deixava que as pendências do dia a dia preenchessem minha mente e, passo a passo, dentro das prioridades que se estabeleciam, ia resolvendo. Depois, ante o acúmulo de tantas tarefas, passei a organizá-las no papel, depois no outlook, dando baixa a medida em que cada uma ia sendo realizada. Surgiram então dois problemas: o menor deles dizia respeito a imensa lista de atividades profissionais e pessoais que tomava o espaço do outlook; o outro, o estado de irritação e ansiedade diante da incapacidade de administrá-las. Quanto mais itens eu baixava, mais itens surgiam, tornando a lista uma interminável pendência de vida a tomar o tempo sem efetividade. Não dava mais, passei a registrar os itens e, ao mesmo tempo, ignorá-los. Então pra que fazer tudo isso?


Pausa. 15 dias. Análise. Renovação. Visões. Ritmo. Palavra chave: desacelerar!

O mais óbvio, e que na maior parte do tempo insistimos em não enxergar. é que a atribuição total de tarefas simplesmente não cabe no espaço de tempo que determinamos. Querer resolver tudo que está pendente e se irritar a cada olhar para lista diante do que ainda é preciso fazer é, antes de organização, um atestado de incompetência. Não no sentido de não saber fazer, mas no plano administrativo. É como querer ganhar uma guerra, que normalmente dura anos, em dias!






Ordenar e manter o ritmo adequado a necessidade, este é o segredo. Não se cobrar ao extremo, posando de super herói e zerando todas as atividades, até porque isso não vai acontecer. O que decorre dessa situação é que, diante da irritabildade em deixar questões em aberto, acelera-se o processo e faz com que a vida esteja limitada a um acúmulo de funções. A paisagem, as relações, os elementos, a sensibildade e o prazer passam ao largo, figurando como acessórios. Não é à toa que tanta gente que já alcançou um patamar financeiro acima do considerado estável simplesmente não consegue usufruir...






A maneira mais simples de resolver a questão é desacelerando. O mundo não vai acabar porque a proposta que tinha que ser entregue na terça ficou para quarta ou o texto demorou mais do que o previsto para sair. Mito. Quando ligamos o piloto automático e fazemos tudo na inércia, não só nos sentimos frustrados por não completar a lista de tarefas, mas passamos por cima de tudo sem alma e coração, mal se lembrando em que condições o que tinha que ser feito foi feito. E daí? Valeu a pena? Não basta alcançar ao destino, é preciso apreciar a paisagem que se encontra no caminho!






É fundamental ter disciplina para iniciar e principalmente dar continuidade ao processo. De que maneira? Focando a mente e controlando a respiração, cruzando os dois movimentos para obter o melhor dos resultados. Foque sua atenção na respiração e você sempre viverá o momento presente, não haverá interferência de qualquer espécie. O ritmo é mais cadenciado, mas a satisfação que isso lhe traz é fora do comum. Posso afirmar que a alegria de viver volta da maneira mais enfática!






Em uma semana, velhos hábitos foram ficando para trás: acelerar no amarelo para passar o farol, trocar as memórias do rádio a cada minuto, resumir conversas por ter outras coisas "mais importantes" a fazer, sentar-se diante do computador com a obrigação de escrever. Correr, correr, correr e no final chegar no mesmo lugar, exausto, cansado, estressado. Over!






Posso afirmar que o ritmo dessa semana que passou foi diferente e que os resultados apareceram de outra maneira: mais leves, soltos, mas ao mesmo tempo mais contundentes. Há mais energia circulando, há mais vibração. Durmo menos, acordo mais disposto. E encaro a vida numa boa, não com a obrigação de fazer história, mas com o prazer que ela merece. Afinal, como diz meu amigo Ricardo do Viver é pura magia:






'VIVER É PURA MAGIA'!



Encontre a frequência correta e faça da sua vida um acúmulo de prazeres, não de obrigações. Elas existem, claro, mas é a mistura desses elementos que garante a sua felicidade.

Uma ótima semana a todos!

22 comentários:

  1. Olá André

    Fico feliz com sua recuperação e redimensionamento da sua trajetória cotidiana.
    Viver é usufruir de cada passo alcançado. Se retornássemos ao passado longínguo, daríamos os braços, caminharíamos a pé e, tranquilamente, tomaríamos um chá na confeitaria mais próxima. Simples, mas perfeito para não vivermos com nossa respiração suspensa.
    Bom domingo, feliz retorno.
    Norma

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  2. Obriado, Norma! Saudades desses tempos em que estes pequenos prazeres habitavam nosso cotidiano e conduziam a vida a uma outra dinãmica. Uma ótima semana pra voce!

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  3. Huhuuuu!
    Andrezito ressucitou duplamente,da dengue e das garras de serventia de los patrones,cosita de loco hombre,iluminado ficastes ,parte fazer dos campos de girassois del fuefo,isso acontece,pura magia esse viver!

    huhuuuuu
    Viva La Vida!

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  4. Boa, meu irmão, justa citação a quem faz seara pura alegria, magia e encanto!

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  5. André, amado!
    Que "rê"cuperação... Apesar dos meus motivos terem sido diferentes dos seus, a reflexão foi bem semelhante (como vc deve ter lido...)A grande questão que, ainda, fica para mim é: mantermos esse novo ritmo de vida...não cairmos novamente nas "garras" do corre-corre que está sempre à postos para nos aprisionar! Inverto a ordem: VIGIAR E ORAR!
    Beijuuss n.c.

    www.toforatodentro.blogspot.com

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  6. Querido André é mesmo só um pequeno recesso para colocar a agenda em ordem;Pois; o trabalho está ferrenho e absorvendo muito , estou com dificuldades de tempo para escrever!! Mas; mesmo em recesso não deixarei de visitar você por aqui no "mensageiro"!A sua fotografia do relógio é bem para o meu momento viu!
    Amigo ...Estou muito feliz que você tenha se recuperado e que tenha percebido alguma coisa boa nesse acidente pelo qual você passou!Essa é a diferença entre alguém que evolue!! Aprender alguma coisa com experiências estranhas NÃO É PARA QUALQUER UM...
    ...saudades virtuais...kisses

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  7. Nossa Charak, incrível ler isso neste momento da minha vida. Tem fases que queremos fazer tudo e não perder nada, mas é impossível mesmo... Sabia que esta experiência lhe traria novas percepções, renovações, e enfim, você aqui esta para nos renovar também! Como é difícil encontrar esta equação né?! DEixamos o tempo nos consumir e a ansiedade nos invade antes mesmo de nos darmos conta. Mas nada como viver intensamente, seja lá como for! É isso o que eu defendo também, não posso deixar que nada me tire este brilho de olhar! Um grande abraço e que a magia esteja sempre conosco!
    Pri

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  8. É, Rê, a grande dificuldade fica por conta de manter a disciplina, o foco. Só com esforço e com pausas diárias que reforcem o princípio, como se voce tivesse que se lembrar, o tempo todo, porque está fazendo isso. E assim vai!

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  9. Vivendo e aprendendo, né, Sil? Volte logo, suas postagens fazem falta!

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  10. É mesmo dificil, Pri, mas é preciso ter o discernimento necessário para cada passo, caso contrario vira aquela bola de neve que leva tudo que encontra pela frente. Tamos aí pra isso, pra compreender e fazer valer!

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  11. Pena que na maioria das vezes só paramos quando alguma doença nos para. Fico feliz em saber da sua recuperação e que aproveitou essa parada pra refletir, ótima semana renovada pra você. bjs

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  12. Obrigado, Kelly, e que a Sophia tambem tenha uma semana de recuperação plena, bjs!

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  13. Oi Andre


    Concordo contigo que muitas vezes atropelamos coisas na vida, pelo simples fato de seguirmos uma rotina diária com a pressa de resolvermos todos os problemas sejam eles pessoais ou profissionais. Pois a Dengue te fez refletir, mas não precisava isso não?[Já ouvi tanto isso, porque precisa acontecer algo ruim para que possamos nos dar conta que estamos ligados no automático].

    Pois é, assim como você eu também estive e estou em dias de muita, mas muitas reflexões. Existem coisas tão pequenas e tão significativas que passam por nós e aí, e aí meu amigo....muitas vezes quando nos damos conta...elas simplesmente passaram, e o tempo delas também.Por isso, hoje , meu olhar está mais atento para isso...Meu trabalho hoje faço não naquela correria maluca de querer além de resolver tudo de uma vez, manter padrões que sempre tive de perfeccionismo....sou composta de erros que com certeza são possíveis de serem consertados.Não faço nada hoje pela obrigação, a não ser, infelizmente algumas coisas que ainda tem que serem feitas.

    Teu texto veio de encontro a tudo que penso hoje, e tem razão...é preciso ter disciplina, auto- controle...e deixar sempre, mente e corpo fluírem para que tudo aconteça da melhor maneira , que a vida não seja uma obrigação...mas sim pura magia...:)

    Bjo!*


    Bom inicio de semana pra ti*

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  14. Ainda bem que voltou, renovado, mais calmo e feliz!
    A vida prega-nos estes "sustos" para podermos como bem disse, reflectirmos e avaliar o que é realmente importante na nossa vida.
    Muita gente não tem essa oportunidade, o meu amigo teve-a e de certeza que a vai saber aproveitar.
    Um beijinho de boas vindas!

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  15. Muito feliz em saber que estás recuperado...meu amigo!
    Vai com calma hein! Nada de esforços...rs
    Um grande e amoroso abraço fraterno

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  16. decididamente el parate de 15 dias te hacen ver las cosas de distinta manera, la rutina no es mala mientras sea bien llevada creo yo... y el poder disfrutarla es el punto al cual creo que tenemos que llegar. a veces correr no esta mal mientras sepamos a donde vamos, y, por sobre todo, mientras no perdamos de vista las cosas verdaderamente simples e importantes de nuestras vidas.
    me alegro que estes mejor y que hayas vuelto a escribir... como dije: te extrañaba!
    igualmente... anda despacito, cuidate.

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  17. Amigo:
    Tenho no meu blogue um selo para si (não sei se aprecia estas coisas), que criei para homenagear todos os blogues que são especiais para mim.
    Obrigada por estar desse lado!

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  18. Nãosei, Andrea, parece que funciona assim, alguma coisa precisa acontecer pra voce rever seus procedimentos e colcoar um fim a algo que te incomoda. Acho que estou mais centrado nesse sentido, espero nao desistir no meio do caminho. Nossa, quantas semelhanças!! Bjos!

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  19. Oi, Fê, obrigado pelo carinho e pelo selo, passo lá no blog pra buscar!

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  20. Olá, Patricia, obrigado pelo carinho e apoio, um beijo pra voce!

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  21. De, mejor va la tortuga, que tiene percepcion, que el conejo, que tiene velocidad... Besos!!

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  22. Não foi o mosquito da dengue que te mordeu - foi uma fada!
    (O mal usa o bem e vice-versa).

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