10 de janeiro de 2011

ÉTICA NO PAÍS DOS RONALDINHOS

Sempre acreditei que o principal mal que aflige este país é a ética, ou melhor, a falta dela. Ao longo dos séculos, desde o descobrimento até a entrada no séc XXI, passando por capitanias hereditárias, sesmarias, monarquias, senhores de engenho, escravagismo, indepedência, república, revoluções, golpe militar, AI5, sarney no congresso, Lula na presidência observamos, incautos, os princípios morais jogados no lixo em troca de privilégios ou corporativismo. Não foi assim no escândalo do mensalão? No caso Erenice? Na mais recente cartada de Lula, ao permitir passaportes diplomáticos para filhos e netos? A partir do momento que o operário passa de presidente a ex-presidente, o que o diferencia dos outros brasileiros a ponto de lhe garantir um privilégio como esse? A ética simplesmente deixa de existir quando são benesses reais que estão em jogo.

ronaldinho gaúcho vem para nos lembrar que a falta de ética não é privilégio da classe política e traz à baila a eterna discussão a respeito da linha divisória entre o preço que se paga para manter valores morais e o que é necessário para esquecê-los. No caso dele, especificamente, alguns milhões de reais. O jogador receberá cerca de R$ 1,8 milhão por mês, o equivalente ao ganho de cerca de 300 trabalhadores registrados pelo salário mínimo por um ano. Até aí tudo bem, se o futebol tem números astronômicos e gente disposta a pagar por isso, paciência. Em um país como o nosso é um acinte, mas paciência. A questão recai na maneira como profissionais ligados ao futebol lidam com o tema.

ronaldinho era um garoto pobre que cresceu na vida graças ao futebol. Foi eleito o melhor jogador do mundo um par de vezes, eu acho, mas é o exemplo claro que dinheiro não traz dignidade. Ao contrário, o boleiro parece querer compensar os anos de pobreza com o acúmulo desmensurado, que acaba por ultrapassar a barreira  do que é real e joga por terra valores que ele, se tivesse sido bem assessorado ao longo dos anos, teria tido a sensatez de adquirir. Não foi bem assim. Negociar sua volta  ao Brasil, passados dez anos desde sua (tumultuada) saída do Grêmio, mais uma vez lança mácula sobre seu nome. Mais uma vez, o valor do dinheiro sobrepuja os princípios morais que deveriam pautar qualquer tipo de negociação e que seguramente não tem lugar em países mais desenvolvidos. A falta de ética, meus amigos, é um traço marcante da cultura brasileira que mira o lucro desmensurado e que se consolidou através dos tempos, condenando pobres à sua insginificância e poderosos ao delírio. Ou não seria falta de ética um deputado receber R$ 20.000,00 ´+ verba disso e daquilo em um país que pensa instituir o PAC da miséria? Isso é a  falta de ética em seu grau mais extremo.

Se ronaldinho fará valer cada centavo gasto na sua contratação, cada lágrima de cada pequeno torcedor que ainda carrega em sua alma infantil um tanto de dignidade eu não sei, mas tudo que começa mal termina mal. A energia do dinheiro é sempre bem vinda e necessária, mas não pode colocar por terra a única coisa que o homem leva deste mundo: sua reputação.

O Brasil precisa de heróis, não de mercenários.

Um comentário:

  1. Assino por baixo!
    é revoltante!
    Também por cá (Portugal), outro Ronaldo faz das suas....
    Não é que com os seus milhões, ele decidiu simplesmente "comprar" o filho?
    Pensava que seria fácil "descartar" uma mãe incómoda apenas pagando o preço.(ela abdicaria pura e simplesmente do filho).
    só que o preço inicial cifrado em Euros não será o preço final, já que a mãe do filho hoje "acordou" e quer de volta...
    não se sabe ao certo se por arrependimento ou se perspectivando euros futuros....

    De facto, de falta de ética não vive só a política!!

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