19 de outubro de 2013

Por que o Brasil é tão medíocre?


Não se pode atribuir a um fator isolado a responsabilidade acerca do desastre Brasil como nação, um país que tem a ousadia de estampar em seu estandarte as palavras 'ordem' e 'progresso' e historicamente caminhar na contra mão de ambos. Mas se eu tivesse que fazê-lo (assumir este fator isolado), diria que nossa grande deficiência chama-se DESQUALIFICAÇÃO. Um país sem bases, sem diretrizes, sem um projeto estrutural de educação e crescimento e sem cabeças apropriadas para dirigi-lo só poderia chegar onde chegou em pleno século XXI: uma sociedade amorfa, liderada por ignorantes com interesses particulares, onde quase nada funciona e, invariavelmente, a lei da selva impera. 

Mas, afinal, o que é a qualificação e por que estamos tão distantes dela?

São vários os pressupostos que compõe a qualificação e se distribuem em diversos segmentos - profissional, social, econômico - que sintetizados compõe dois aspectos, a meu ver, essenciais: preparação e ambiente regulatório.

Preparação: preparar significa habilitar, criar condições para que determinados indivíduos, sem prévia experiência, possam auferir resultados depois de submetidos ao processo de geração de conhecimento e prática. Para tanto se faz necessária uma estrutura de ensino que promova a distribuição deste conhecimento em todos os níveis, do básico ao universitário, possibilitando educação e desenvolvimento de forma horizontal pela sociedade. Não é preciso ser nenhum expert para saber que o ensino básico no Brasil é sofrível (conheço pessoas com formação universitária que fazem conta no papel para somar 15 mais 17 ou que insistem em escrever 'mais eu não sabia'), que a maneira como qualificamos nossas crianças é o caminho inevitável para que se tornem mão de obra barata e... Desqualificada (obviamente não me refiro ao Brasil representado pelo ensino privado e pelas oportunidades que o mesmo gera, o que só acontece porque a qualificação não está sob a tutela do estado; este, quando consegue algum resultado positivo, o faz no último elo da cadeia, a universidade, via de regra frequentada por quem teve condições de bancar o ensino médio em escolas particulares ou por quem se insere através das quotas - a exceção da exceção). O nivelamento é por baixo, e isso não seria um problema se essa mão de obra estivesse limitada a trabalhos mais braçais do que intelectuais. Passamos a contar com profissionais nas mais diversas áreas sem formação precisa, técnica e de caráter, diga-se de passagem, e sem tal qualificação o resultado é catastrófico, sobretudo quando voltamos o olhar àqueles que dominam a máquina pública e que tomam decisões como se estivessem tomando banho, tal o despreparo. O resultado? As ruas esburacadas que danificam seu carro, o risco de ser assaltado à luz do dia, a morte à espreita nos corredores dos hospitais públicos...

Tomemos o exemplo do pré-sal, mais do que na moda. O modelo de exploração proposto pelo governo para a iniciativa privada não deve ser lá tão satisfatório, caso contrário as maiores companhias de petróleo do mundo como Exxon, British Petroleum ou Chevron estariam participando. O leilão corre o risco de ser um fiasco e envolver apenas um consórcio participante. Por outro lado, entidades sindicais prometem fazer uma baguncinha básica para impedir que o leilão siga adiante, justificando que o modelo de exploração é, na verdade, uma privatização e uma afronta à soberania nacional. Milha leitura? Desqualificados, manipulados, massa de manobra que não faz a menor ideia do que está falando. O Brasil, e mais especificamente a Petrobrás, não possuem as condições necessárias para levar adiante a exploração sem a ajuda de terceiros, é melhor costurar parcerias e ter algum retorno do que esperar mais duzentos anos e não ter nada. Essa discussão pode se perpetuar sabe-se lá por quanto tempo, mas, de novo, só demonstra o nível de ignorância que permeia a sociedade. Como é que com um nível de imbecilidade desta envergadura o país pretende chegar a algum lugar? Outro exemplo de gestão: temos uma presidente que diz que a inflação está sob controle e que, provavelmente, nunca foi a um supermercado na vida (se tivesse ido saberia, por experiência própria, que nada está sob controle). Mas esse é o discurso de quem não tem capital intelectual para dirigir qualquer tipo de negócio, e assim o país se arrasta.

Ambiente regulatório: preparação apenas não basta, é preciso aliá-la às regras que definem o meio competitivo para que o processo qualificatório se complete. E aqui nada caminha nesta direção: a guerra dos portos, a contestação dos aumentos das passagens de ônibus refletidas em aumento de IPTU, a polícia envolvida com a cúpula do PCC e n outros exemplos que mostram que as cabeças desqualificadas não são capazes de levar adiante um país como o nosso, com tamanho potencial, recursos naturais e gente disposta a fazer acontecer. Verdadeira lástima.

Não há como negar o nível de estagnação e mediocridade do país, agora já mergulhado em um embate político que só terminará com as eleições de 2014. O governo voltado para a reeleição, a oposição disposta a cutucar as feridas, o Congresso brincando de governar. Enquanto isso o Chile cresce, o Peru cresce, até o Uruguai, com todo respeito, cresce. O Brasil? Não passa de uma ex-colônia imatura que ainda não encontrou seu caminho.


2 comentários:

  1. Sensacional seu blog! Pena que aqui nessa pátria maldita, somente BUNDA, PUTARIA, FUTEBOL e CARNAVAL importam...
    Parabéns mesmo! Ganhou um fã!

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