1 de abril de 2009

Síndrome de quarta-feira

"O ar que invade bares, botecos e afins, atingindo os que por estes locais se esparramam, quase sempre é permeado pelos mesmos elementos: ócio, desejo e torpor. Não necessariamente nesta ordem e nem sempre conjugados. O que se compartilha, a despeito de abismos culturais ou econômicos, é a busca pela suspensão, traduzida em prazer nas suas mais variadas formas. O jogo de palavras que se transforma em flerte, o álcool que traveste dóceis cavaleiros em arautos da sedução. Quanta sutileza. À luz da razão, prefiro as amenidades. Sou avesso a concentrações, vampirizam minha essência. Sou mais o encanto, a legitimidade que invade veias e artérias quando ouço o som do silêncio. Deus manifesto. É da alma purificada dos grandes mestres que nascem as idéias mais sublimes, e somente sob certas circunstâncias isso se torna possível. Não vejo na fumaça, na retórica simplista ou no passo embriagado o mínimo de lucidez que valide a criação. Somos simples mortais perante a lei divina e o que nos torna melhores são as oportunidades, as singelas oportunidades que a vida nos oferece para que a luz se faça presente, mesmo sob condições adversas. Acho que é por isso que estou aqui, sentado em uma mesa de bar enquanto ordeno as idéias, pensando nas possibilidades que se abrem para que eu coloque o meu melhor em prática".

Abel, reticente como eu, sai de cena ('À luz da razão, prefiro as amenindades'). Mas quarta é dia de pit stop, de eventos que sirvam como marco para dividir a semana em duas grandes metades. Gosto do textos e de suas nuances, no clima que se cria e na busca da verdade, e aí descubro que não sou de ferro...

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