5 de maio de 2009

Time passengers

Baseado em fatos reais

Quarta-feira, fim de tarde. Reunião na Origin Brasil, primeira vez no cliente. Fácil acesso em meio aos Cingapuras da marginal Pinheiros. Desço e me dirijo à recepção.


Ela abre um sorriso ao me ver. Faz sinal para que eu espere enquanto está ao telefone. "Eu a conheço", penso. Encosto no balcão e olho para ela novamente. "Tenho certeza que já a vi em algum lugar". Cabelos negros, olhos castanhos, sorriso de criança. No crachá, Vanessa. Procuro me lembrar. Fixo os olhos no chão e saio varrendo a mente em busca de respostas. Nada. Nossos mundos distintos pareciam criar um abismo ainda maior. Não havia respostas. Havia apenas uma luz, que como num estalo brilhou e, da mesma forma que veio, se foi.


Ela desliga o telefone. Digo quem sou e peço pelo Ronaldo do publishing services. Ela liga para ele, prenche a ficha e me entrega, juntamente com o crachá de visitante. Incrível como toda essa burocracia me faz mal.


- Ele pediu pra você subir e aguardá-lo na recepção do segundo andar - o sorriso me pareceu ainda mais familiar, como se um dia tivesse feito parte de um sonho. - Ele o encontrará lá.


Olho ao redor e não vejo escadas.


- E como chego ao segundo andar?


- Nunca esteve aqui antes?


"Se tivesse estado, não perguntaria". Preferi manter a polidez.


- Não, é a primeira vez.


- Então queira me acompanhar, por favor.


Ela sai de trás do balcão, dá a volta e se dirige a uma porta de vidro na lateral. "Conheço você..."


- Está vendo aquela rampa? - Ela aponta na direção de outro prédio. - Vá por ali e ao final da escada vire à direita.


Agradeço e tomo meu caminho. E de repente sua voz volta.


- Tem certeza de que nunca esteve aqui?


As obviedades pareciam se suceder.


- Tenho.


- Desculpe. É que você me é tão familiar que achei que já tivesse estado aqui antes...


Estremeci enquanto ela dava as costas e voltava para trás do balcão. Sua rotina permaneceria ali, encerrada em seus anseios e dúvidas que por um instante me assaltaram como se fizéssemos parte de um plano comum. O elo, atado em algum lugar do passado, uma vez mais se desfazia.


Permaneci ali, parado, como se o tempo tivesse congelado aquele instante. Fechei os olhos e suspirei, vi flashes de luz em meio a uma enorme tempestade.


Achei que escreveria sobre isso.


Credito da foto: tomitheos

5 comentários:

  1. Olá André,

    Bom receber vc lá no Sofia, viu? Muito obrigado por passear por lá... Também estarei por aqui visitando-te quando puder... Gostei muito mesmo de tudo o que vi por aqui...

    Graças a Deus não estamos estagnados e somos mutantes e mutáveis... E que a poesia sempre oriente nossas mudanças..

    Luz e paz!

    Com carinho enorme,
    Whesley

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  2. e ficou bom o texto né...rs

    pelo menos em minha primeira visita eu achei muito legal!

    vai ver a conhecia de outra vida...as vezes isso me acontece também...Déjà vú

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  3. Andrew, de forma diferente,já aconteceu comigo tbém... E marca muito. Um dia, se é que poderemos chamar de "dia", gostaria de saber o porquê. Será? Grande abraço!

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  4. São as sincronicidades da vida que, a principio, não temos entendimento. Em algum momento, talvez. Bas, Harold!

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  5. Muito interessante, é preciso refletir sobre o fato. Bjs

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