Fernando Pessoa (1888-1935) foi um destes poetas cuja obra permanece viva em detrimento do tempo. Ao lado de Camões, é considerado um dos maiores expoentes da língua portuguesa, tendo seu nome imortalizado na galeria dos grandes autores do século XX.
"Às vezes ouço passar o vento; e só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido"
Dentro dos padrões cibernéticos do século XXI (velocidade - tecnologia - informação - conexão), qualquer indivíduo que saia às ruas dizendo ter ouvido 'passar o vento' será tachado, na melhor das hipóteses, de insano. E na pior delas, um excluído que se ateve aos dogmas do passado, um antiquado que não soube acompanhar os desvios do tempo e a nova realidade se adaptar.
Talvez seja esta a diferença que nos separa do século passado, aquele do qual saímos ontem e onde 'ouvir o vento passar' se revestia do lirismo com o qual não estamos mais acostumados a lidar. Sábio é quem ainda tem o privilégio de vivenciar situações como essa deixando de lado, ainda que momentaneamente, o caos tecnológico que se estabeleceu em nossas vidas. Imaginá-las sem computador, celular e internet, orkut, facebook ou twitter, é um exercício que não cabe mais na alma de qualquer mortal que já mergulhou no novo século. E como voltar atrás não é mais possível, resta-nos saber dosar o passar do vento com o passar dos kbps que alimentam a rede (estivesse o poeta vivo e provavelmente diria "às vezes ouço os kbps passando; e só de ouvir os kbps passar, vale a pena estar conectado), equilibrando-nos entre o que é necessário e o que faz valer a pena ter nascido.
Não é o seu padrão de vida e o quanto você está inserido na sociedade tecnológica e de consumo que faz essa diferença. O que faz mesmo valer a pena ter nascido é a sua capacidade em ler os sinais da vida, da natureza, do respeito do homem para com seu semelhante e todas as espécies que habitam o planeta, além do próprio planeta.
É escutar, ao longe, o coração do universo. E aqui, bem ao pé do ouvido, a passagem do vento.
grande Pessoa esse Fernando.
ResponderExcluirMe dá vontade de fugir pra Campos
(mas levando um computer pra pegar os emails, senão eu fico nervosa, hehehe)
Oi André,
ResponderExcluirAgradeço a sua visita e desde já, o cumprimento pelo Dia dos Pais.
Concordo com você, diante desse seu texto saudosista onde, em comparação com o passado e o presente, rebate as diferenças e se apega ao som do vento que eleva o espírito, amparado por Pessoa.
Hoje em dias os valores estão mudados, não quer mesmo dizer que para melhor.
Beijos,
Ana Lúcia.
Reféns da conexão, né Cris? Quem não é que atire a primeira pedra...
ResponderExcluirObrigado, Ana! Adorei o seu texto no Café.
ResponderExcluirOi Mensageiro André, felicidades procês neste dia. Bjs
ResponderExcluirBrigadu, Kyria!
ResponderExcluirOla André!
ResponderExcluirFernando Pessoa era único em sua sensibilidade.
E como você disse, não precisamos mais nada para sentir além de estar vivos.
Muito bonito o texto.
Deixei um selinho como presente pro Blog do Mensageiro, pois gosto muito e sempre venho por aqui.
Um abração!
Obrigado, Cris, já já passo lá pra pegar, bjs!
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