1 de agosto de 2010

Da inversão de valores

De todas as contradições que dominam o coletivo humano, nenhuma fala mais alto do que a inversão de valores. As auto proclamadas 'sociedades modernas', que desesperadamente buscam a superação através da tecnologia, traduzida (com raras execeções) em modelos de comodidade e conforto, criam caminhos supostamente avançados e ao mesmo tempo tão contraditórios que colocam em xeque o valor humano. Viver sim, mas com que finalidade?

Vejamos dois exemplos práticos: ontem, sábado, tive a oportunidade de visitar, em companhia da Regina, a feira de orgânicos do Parque da Água Branca. O termo orgânico não se refere apenas ao tomate, cenoura, pepino ou qualquer outra hortaliça cujo desenvolvimento passa longe de fetilizantes químicos ou agrotóxicos (e que naturalmente contribui para o bem estar humano), mas também pela preservação do solo, da água e dos baixos índices de poluição. Devolvemos à terra, da maneira mais natural possível, a dádiva que ela gentilmente nos oferece, sem comprometer seu uso de maneira indiscriminada. É de se esperar que as pessoas envolvidas neste contexto, de um lado ou de outro do balcão, tenham um tipo de comprometimento diferente com o planeta, seus pares e consigo mesmas. Não é à toa que o ambiente é extremamente acolhedor, o perfil do público é diferente, a motivação é outra. Algo me remeteu  ao passado, duzentos ou trezentos anos talvez, quando as pessoas comungavam da energia que locais como esse são capazes de oferecer com sua gentileza e clima. De quebra, um café da amnhã em meio ao verde, 100% natural e em ótima companhia. Resgata-se a prática simples, iluminada pelo prazer de desfrutar o momento, sem pensar em 'tirar proveito da situação', tão comum aos olhos do capital. Será preciso ir além para entender o valor da vida?

Parece que sim. Em outras circusntâncias, claro. Porque quando a essência do viver se dilui em máscaras, criadas por sociedades que já desenvolveram tantas alternativas que não sabem mais por onde ir e, já quase sem rumo e mais nada para acreditar, abrem mão da própria dignidade, perdida nesta absurda inversão de valores. É o que constata e me informa, estarrecida, a mesma Regina, ao se deparar com um programa de TV que retrata a vida noturna norueguesa. A balada local consiste em espalhar uma quantidade absurda de espuma pela pista, que na batida da música ensurdecedora é tomada por jovens pilhados (ectasy ou algo que o valha). O que se segue é deprimente: roupas voam, começa o agarra geral e a balada se consome em um espetáculo de dar inveja às orgias do império romano. E não estamos falando de pessoas que cansaram de suas vidas sexuais e partiram para experiências diferenciadas, estamos falando de jovens que mal iniciaram a vida nessa área (ótimo jeito de começar). A prática e a identificação extrapolam para outros campos e visão de vida... Bem, não é preciso ir além. A Noruega, diga-se de passagem, é o país mais rico do mundo.
Para onde tudo isso leva? Eu não sei, mas posso assegurar que cria um distanciamento do propósito original da criação, muito mais voltado à situações como a do Parque da Água Branca. A balada norueguesa expressa até que ponto pode chegar o homem quando se trata de subverter os princípios que, um dia, deveriam ter norteado sua trajetória, e que ainda cintilam em feiras onde pessoas criam um sentido diferente. O planeta se encontra neste estágio destrutivo justamente porque estas populações, embora ganhem espaço a cada dia, quase nada representam.

Arquemos pois com as consequências.


13 comentários:

  1. bem complicada a situação... e aqui em casa costumo dizer que a gente deve ser a diferença que deseja ver no mundo (Gandhi).
    Cada um pode fazer um pequeno gesto... quem sabe a gente não consegue dar a volta na situação ? ou pelo menos modificar o "foco" de 1, 2, 3, ou quem sabe algumas pessoas...?!?!

    enfim, fico com o café em meio ao verde... e levo todo mundo que me rodeia... risos...

    beijo

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  2. André, amado!
    Ao terminar de ler seu texto, me vem uma questão (aliás, a que venho me fazendo há muito tempo): qual é o meu propósito aqui, agora, nessa dimensão? O quê, como, onde venho atuando e qual é a intenção colocada em cada ação minha. Prosperidade, abundância, harmonia, paz, cura, ganância, egoísmo, inescrupulosidade, dignidade, generosidade, amor... E foi a partir dessa questão que, recentemente, fechei um ciclo de minha vida e percebi ser o momento de dar uma pausa, de modo que pudesse pensar claramente sobre os meus desejos e opções disponíveis. O Universo sempre apoia o desejo por expansão, criatividade e liberdade. A pausa que fez ontem com minha xará, o possibitou enxergar para além dos legumes, além de nos brindar com essa reflexão!
    Beijuuss ILUMINADOS n.c.

    www.toforatodentro.blogspot.com

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  3. André

    a gente vive entre extremos todos os dias.
    do menino pedindo dinheiro nas janelas dos carros, aos mais empáfios executivos.
    gente que luta para salvar vidas e gente que tenta perdê-la.
    cabe a nós a escolha do melhor, pois como vc colocou muito bem, para cada escolha , uma consequência.

    um otima semana para vc amigo, cheia de boas escolhas.

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  4. Amado amigo,te ler realllllmenteeeeeeee,é embarcar em narrativa tua,nessa brilhante ad infinitu tuuuu mission,a de advertir e o mundo prrocurar entender,coisa de lôko sô,translúcido e consciente,tu és escriba,e amo isso,daí ,neófito teu ser!

    amplexos Fuertes e fraternos

    viva la vieeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee

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  5. Esse é o caminho, Solange, um a um fazendo a diferença!!

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  6. Boa, Cris, ótima semana pra ti também, fazendo nossa parte chegamos lá!

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  7. Enxergar além dos legumes, Rê, morri de rir. Ao mesmo tempo, como bem disseste, gerou essa reflexão. Viva as hortaliças e uma otima semana!

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  8. Viva la vida, mon ami Richelieu, viva esse teu jeito curvo e conciso de escever que nos brinda com um atalho para cada significado. Gde abraço e gde semana!!

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  9. Convivemos com essa inversão dia a dia.

    Obrigado pela sua visita amigo.

    Um ótimo dia pra vc.

    Aqui tá um friooooooooo daqueles.

    beijooo.

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  10. Olá...vim conhecer o cantinho que o mais novo amigo blogueiro indicou...Ricardo Calmon. Espiando por cima,eu gostei...vou ficar e depois olhar com mais calma.Pra ti deixo bjks doce no ♥ e boa noite com um amanhecer maravilhoso,Andreza.

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  11. Ola, Querido André!!

    O mundo tá ao contrário e ainda bem que alguns, poucos, como você, repararam.

    Grande abraço
    Paty

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  12. O planeta está vivendo tempos difíceis eé precisa receber uma carga enorme de boa vontade e forças para se sustentar positivamente, talvez com esta força possamos contribuir para amenizar os impactos negativos que a sociedade está presenciando, bjs meus.

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  13. ..vc me diz que seus pais não entendem...mas vc não entende seus pais...são crianças como vc, e o que vc vai ser quando vc crescer...
    Feliz dia dos pais (se for ou se tiver)com bjks doce no ♥.

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