21 de março de 2009

Vergonha por dentro, vergonha por fora

Não bastassem as mazelas socias que tomam conta deste país, e que se revestem de tons sarcásticos quando casos como o das diretorias do senado vem à tona (pausa para reflexão: o senado federal - e insisto em escrever com minúscula, que caracteriza bem a pequenez da casa - contava com 181 diretorias, entre as quais a de coordenação aeroportuária, ou diretoria de check-in, cujo responsável tinha por finalidade dar assistência a parlamentares em viagem. O que o verme fazia, na prática, era furar fila para parentes de políticos, desrespeitando os demais passageiros. Tenha santa paciência, à merda com esse corporativismo vil que inventa cargos para engordar o salário destes parasitas enquanto tem gente passando fome neste país! Embora 50 diretorias tenham sido destituídas, ainda há gastos de R$ 1 milhão com as 131 que sobraram. Só mesmo uma revolução para quebrar esses paradigmas e por fim à festa do caqui, ZAP neles. Mas voltemos ao tema deste post; sugiro que você leia as primeiras linhas novamente e pule o parênteses), nossos sábios, bem preparados, responsáveis e porque não dizer visionários dirigentes também fazem das suas lá fora.


Durante o 5o. fórum mundial sobre a água, realizado em Istambul, na Turquia, o Brasil não reconheceu o acesso ao 'produto' como um direito humano. Embora haja um completo contrasenso na afirmação, até porque ninguém me parece suficientemente burro para fazê-la, mesmo sendo político, há uma lógica perversa por trás da questão.

O ministério das relações exteriores afirma que tal posicionamento "evita riscos de que a soberania do país sobre o uso deste recurso seja afetatada". Falemos, pois, do aquífero Guarani, a maior reserva subterrânea de água doce do mundo.

O aquífero Guarani se estende por cerca de 1,2 milhão de km², sendo 70% deste total em terras brasileiras (Paraguai, Uruguai e Argentina completam os 30% restantes). Identificado em azul no mapa abaixo, abrange os estados do Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Goiás.


São 55 mil km³ de H2O (para se ter uma idéia, 1km³ equivale a 1 bilhão de litros) que, segundo estimativas, poderia fornecer água ao mundo por 200 anos. Levando-se em conta as consequências do aquecimento global e a seca que deverá tomar conta de certas áreas do planeta entre os próximos 30 e 50 anos, é de se supor que temos um trunfo em mãos. Não é à toa que os Estados Unidos mantém tropas estacionadas no Paraguai, em tese como forma de monitorar a tríplice fronteria (a região de Foz do Iguaçu, no Brasil, Ciudad del Leste, no Paraguai e Puerto Iguazú, na Argentina) e a suposta existência de células terroristas na região que dão suporte aos atentados da Al Qaeda. O último mensageiro faz menção ao episódio lembrando da base de Mariscal Estigarribia, localizada no deserto do Chaco e apta a receber aeronaves de grande porte como os B-52 ou Hércules (a pista, na verdade é super dimensionada para os aviões que compõe a força aérea paraguaia. Segundo Claudio Aliscioli, repórter do jornal argentino 'Clarín' em entrevista ao Mensageiro, os Estados Unidos poderiam desembarcar um enorme contingente de tropas na região sem despertar a menor suspeita).

De volta à água: o governo brasileiro, na medida em que não caracteriza seu uso como um direito humano, procura se resguardar quanto à política de utilização e qualquer intervenção externa que possa ocorrer, já que aceitar o pressuposto do direito humano ao recurso seria como abrir as portas da esperança. Uma enorme estupidez, porque dá margem a uma interpretação completamente equivocada por conta do eterno mal do direito à propriedade, não do que é meu ou seu, mas do que o universo colocou à disposição de todos.



4 comentários:

  1. Perfeito! Se levarmos em consideração que as pessoas estão cada vez mais olhando para seus próprios umbigos, é uma medida estúpida, mas coerente do governo brasileiro. Só que é assim que daremos um péssimo exemplo ao mundo em ternos de direitos humanos. Caro Mensageiro, tenho medo do futuro!!Abraços

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  2. O país não precisa andar na contramão do bom senso e dizer 'não' à uma questão de base apenas para garantir sua soberania sobre a água. Se o Tio Sam quiser, toma o nosso pirulito sem grande esforço... Abs!

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  3. Olá André...


    Então, te achei no Twitter do Marcelo Tas...

    O twitter é aquilo ali: dizer o que está fazendo e mandar recados para os amigos... Ainda não sei muito sobre ele... Mas é uma coisa diferente né... algo entre o blogger e o msn...

    Um abraço

    Ótimo Blog.

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  4. All compromise is based on give and take, but there can be no give and take on fundamentals. Any compromise on mere fundamentals is a surrender. For it is all give and no take.

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