25 de julho de 2009

O efeito Evian

Evian. Famosa marca de água mineral de origem francesa pertencente ao grupo Danone e produzida às margens do lago Genebra, na fronteira com a Suiça. Na prática, podemos chamar de glamour engarrafado. É a marca de água mais vendida no mundo, 1,5 bilhão de garrafas comercializadas por mês em cerca de 125 países. Faturamento razoável, não?

É o que permite às marcas tornarem-se expressivas e conquistarem seu espaço no mundo da comunicação, criando uma aura mística ao redor de sua imagem e fazendo o possível, as custas de milhões em investimento publicitário, para se perpetuarem na mente do consumidor. Um "vácuo privilegiado" (não sei de onde tirei isso, mas vou diminuir o vinho) a projetar seus 'mandamentos' como verdades absolutas, criando padrões mundo afora e convencendo milhares e milhares de pessoas a fazer parte de seu mundo (os mais velhos haverão de se lembrar do 'Venha para o mundo de Marlboro'). Assim nascem as grandes bobagens e a dependência psicológica no sórdido mundo da comunicação. Eu mesmo faço parte dele.

O comercial abaixo retrata bem o que desejo expressar, foi justamente por vê-lo (recebi por email do amigo Marcos Mello) que decidi escrever este post. A minha pergunta: até que ponto a comunicação pode se apropriar dos nossos valores e adaptá-los aos seus para que, em última instância, a venda se consuma? A aura de propriedade, alheia à realidade, deve manter o ciclo produção-comunicação-consumo a qualquer custo?

A resposta é não. Não se pode violar a natureza humana ou seus princípios apenas para que o ciclo não se rompa.

O filme, a primeira vista, é uma gracinha. E é mesmo! Nenês de patins, dançando rap, fazendo estrepolias, enfim, vivendo situações que não pertencem ao seu mundo, mas que se enquadram perfeitamente na lógica do vácuo privilegiado. Então, meus amigos, tá valendo. É Evian, e Evian tem esse poder! Estivesse o filme em outro contexto - uma mostra de cinema ou um curso de animação, por exemplo - e acho que valeria a pena. Mas toda essa caracterização para... Vender água? Não nos faz passar por um bando de idiotas que acha sensacional e aumenta o consumo (estamos falando de água!) porque a imagem dos nenês remete ao resgate da jovialidade? Que mundo besta é esse que cria códigos aparentemente simples, mas que no fundo só servem para mascarar a lógica perversa do ciclo (o tal da produção-comunicação-consumo de novo). E pensar que tem gente que morre de sede mundo afora...

5 comentários:

  1. Pois é, em uma viagem recente ao Peru, optei por comprar a marca local de água, se não me engano era San Luis. Mas no meu subconsciente rolou um "Compra a Evian que é garantido"..
    A San Luis tava ótima, e além disso a Evian custava algo como 6 dólares a garrafa pequena.

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  2. Claro, como é que você acha que eles vão pagar os caras que produzem essas maravilhas? Cobrando essa fortuna (por água!!) e sabendo que há gente disposta a pagar por isso. Água San Luis? Será que era da família Sarney? Bjs!

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  3. Nossa André, transmissão de pensamento! Recebi este video recentemente e encaminhei pra alguns contatos, pensando puro e simplesmente nos bebês e na produção, mas depois passou esta mesma impressão, do consumo a qualquer custo, enfim, coisas que também tratam o video que postei agora pouco. E depois tem quem não acredite em sincronicidade... Vamos acreditar amigo que esteja nascendo cada vez mais pessoas e filhos de pessoas com sua visão, preocupados com o que consomem e o porquê consomem. Grande abraço!

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  4. Tô loko pra ver o vídeo, vi o comecinho mas tive que dar uma 'parada estratégica'. É isso aí, Prisiclla, controlemos nossa impulsividade e não nos deixemos tratar como os idiotas que a mídia acha que somos (porque no fundo é o que somos, hehe). Abs!

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  5. Ótimas palavras Mensageiro! Nós consumidores somos os grandes causadores destas enormes besteiras. Enquanto nos deixarmos abater por estas "invasões" nada muda. E as Evians da vida se perpetuarão... Grande abraço!

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