
Tamanho preconceito. Me lembro certa vez de ter ido visitar minha cunhada em seu escritório e um dos porteiros era um antigo funcionário do prédio onde eu tinha escritório (ambos condomínios eram administrados pela mesma empresa). Cumprimentei-o e na entrada e me lembro que ao sair, já na hora do almoço e em meio à multidão que deixava o prédio, estendi-lhe a mão e lhe desejei boa sorte. Para meu espanto, ouvi uma voz feminina que em tom suave fez o seguinte comentário: "Você viu que coisa mais ridícula? Um cara de terno dando a mão para o porteiro". Aquilo me pegou de tal forma (imagino que ela tenha pensado que passaria desapercebido no meio daquela gente toda) que no mesmo instante fui atrás e perguntei qual era o problema. A mulher (a princípio achei que se tratava de alguém mais velho, cheio de recalques e tal, mas devia ter seus 30 e poucos anos) simplesmente me ignorou, como se não tivesse sido ela a emitir o infeliz comentário. Senti que ela se incomodou com minha reação, mas alguém com este tipo de comportamento não precisa mais do que 30 segundos para se recompor e voltar a habitar seu mundinho...
A verdade é que experiências como estas reforçam os abismos sociais que criamos e fomentamos, sempre de olho no papel representativo que cada um desempenha. Se o cara é um deputado ou jogador de futebol, tapete vermelho nele. Mas se é gari ou porteiro... Vamos criando nossos guetos e neles nos fechando, não apenas para permanecer alheios à miséria que nos cerca, mas para não deixar que ela invada nosso dia a dia e não o polua visualmente.
Respeitar e interagir ainda é um exercício de difícil prática para a raça. Finalizo com as palavras de Abel para seu companheiro de viagem:
"Compartilhar o que temos de melhor, sem questionar o quanto isso nos afeta como indivíduos, é o caminho que abre as portas para o amor fraternal e solidário. É exatamente disto que este planeta precisa"!
... e assim caminha a humanidade...
ResponderExcluirBelo texto. Obrigada por escrever sobre a conduta da "sociedade".
Madalena, que prazer tê-la por aqui, obrigado pela visita!
ResponderExcluirMeu Bom André,em missão tua,de própria maneira terna e sentida,propagas as sociais injustiça,e o homem ausente das básicas da sociedade coisas,o pão e a moradia por exemplo!
ResponderExcluirTe Abraço Pessoa!
Viva Vida!
Bato palmas para esta postagem.
ResponderExcluirE quantos de nós também não somos invisíveis para o chefe, o patrão, o filho, o pai, a mulher.
Este comportamento nada solidário se estende pela vida afora quando o "ignorado" não é útil naquele instante para aquela pessoa.
Certa época assisti uma repostagem sobre a vida dos garis e passei a observar que a uma boa parte das pessoas só notam o seu trabalho ( e não a sua falta) quando o serviço não é feito.
Abraços
Obrigado, Ricardo, tu és mais que bem vindo!
ResponderExcluiré mesmo uma vergonha, Kyria, nenhuma relação de respeito pode se basear em valores outros que não a própria essência humana, Abs!
ResponderExcluir